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FINANÇAS
Corretora de Wall Street volta a indicar investimento; JP Morgan rebaixa país
Merrill Lynch revê nota do Brasil
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A Merrill Lynch, corretora de valores que foi uma das primeiras
a rebaixar a classificação dos papéis brasileiros em março, passou
a recomendar o país em relatório
distribuído a seus clientes ontem.
No texto, intitulado "Brasil:
Avançando de Novo", Miguel Palomino, o economista-chefe para
a América Latina da corretora,
afirma que "é bem provável que o
ciclo positivo (da economia brasileira) seja reiniciado em junho e,
se isso não ocorrer, certamente
acontecerá em julho".
"Nós também revisamos nossa
previsão econômica para 2002 e
2003, nas mesmas linhas do que
dissemos antes", continua. "Destacamos uma substancial melhora nas contas externas tanto em
2002 quanto em 2003 e um menor
crescimento do PIB neste ano,
principalmente por conta do primeiro trimestre."
Indagado em entrevista à Folha
sobre o motivo das mudanças,
Palomino disse serem "resultado
de informações que nós obtivemos depois do relatório publicado em março". O analista nega
que recentes pesquisas que dão
conta da subida do candidato governista José Serra tenham influenciado o novo texto.
"Escrevi-o antes de ver os últimos números", afirmou. Ele também evitou comentar diretamente a reação dos políticos e de parte
da opinião pública brasileira aos
relatórios divulgados por bancos
de investimento que rebaixavam
os títulos brasileiros devido à ascensão da oposição.
"Veja bem, sou um analista econômico baseado em Nova York.
Você sabe muito mais sobre a reação dos brasileiros do que eu",
desconversou. Por fim, afirmou
que não é exatamente o prospecto
de vitória de Lula da Silva que assusta Wall Street, mas a incerteza
econômica que o cerca.
Há duas semanas, a Merrill
Lynch, a maior corretora de valores do mundo, pagou US$ 100 milhões de multa ao Estado e à cidade de Nova York sob acusação de
manipular análises financeiras.
JP Morgan rebaixa
Na direção contrária, o banco de
investimentos norte-americano
JP Morgan recomendou aos seus
investidores uma exposição menor à Bovespa (Bolsa de Valores
de São Paulo). O relatório, assinado pelo analista Carlos Asilis, muda a recomendação de "overweight" (acima da média do mercado) para "market neutral" (média do mercado).
A justificativa é a mesma: para o
banco, há grandes dificuldades
para o candidato governista subir
nas pesquisas. No mesmo dia, o
Morgan também rebaixou os papéis da dívida brasileira de ligeiramente recomendados ("modest
overweight") para neutros. No relatório, o banco recomenda mais
investimentos no vizinho Chile.
"Os percentuais de apoio e rejeição a Lula nas recentes pesquisas
eleitorais têm sido consistentemente melhores do que nós esperávamos", justificou.
O texto afirma que a candidatura de Serra poderia se recuperar
com um "provável" corte dos juros básicos da economia nas próximas semanas e pelo início da
propaganda eleitoral gratuita na
TV. "Mas nós vemos esses dois fatores como ineficazes para reverter o atual curso."
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