São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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FINANÇAS

Corretora de Wall Street volta a indicar investimento; JP Morgan rebaixa país

Merrill Lynch revê nota do Brasil

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A Merrill Lynch, corretora de valores que foi uma das primeiras a rebaixar a classificação dos papéis brasileiros em março, passou a recomendar o país em relatório distribuído a seus clientes ontem. No texto, intitulado "Brasil: Avançando de Novo", Miguel Palomino, o economista-chefe para a América Latina da corretora, afirma que "é bem provável que o ciclo positivo (da economia brasileira) seja reiniciado em junho e, se isso não ocorrer, certamente acontecerá em julho".
"Nós também revisamos nossa previsão econômica para 2002 e 2003, nas mesmas linhas do que dissemos antes", continua. "Destacamos uma substancial melhora nas contas externas tanto em 2002 quanto em 2003 e um menor crescimento do PIB neste ano, principalmente por conta do primeiro trimestre."
Indagado em entrevista à Folha sobre o motivo das mudanças, Palomino disse serem "resultado de informações que nós obtivemos depois do relatório publicado em março". O analista nega que recentes pesquisas que dão conta da subida do candidato governista José Serra tenham influenciado o novo texto.
"Escrevi-o antes de ver os últimos números", afirmou. Ele também evitou comentar diretamente a reação dos políticos e de parte da opinião pública brasileira aos relatórios divulgados por bancos de investimento que rebaixavam os títulos brasileiros devido à ascensão da oposição.
"Veja bem, sou um analista econômico baseado em Nova York. Você sabe muito mais sobre a reação dos brasileiros do que eu", desconversou. Por fim, afirmou que não é exatamente o prospecto de vitória de Lula da Silva que assusta Wall Street, mas a incerteza econômica que o cerca.
Há duas semanas, a Merrill Lynch, a maior corretora de valores do mundo, pagou US$ 100 milhões de multa ao Estado e à cidade de Nova York sob acusação de manipular análises financeiras.

JP Morgan rebaixa
Na direção contrária, o banco de investimentos norte-americano JP Morgan recomendou aos seus investidores uma exposição menor à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). O relatório, assinado pelo analista Carlos Asilis, muda a recomendação de "overweight" (acima da média do mercado) para "market neutral" (média do mercado).
A justificativa é a mesma: para o banco, há grandes dificuldades para o candidato governista subir nas pesquisas. No mesmo dia, o Morgan também rebaixou os papéis da dívida brasileira de ligeiramente recomendados ("modest overweight") para neutros. No relatório, o banco recomenda mais investimentos no vizinho Chile. "Os percentuais de apoio e rejeição a Lula nas recentes pesquisas eleitorais têm sido consistentemente melhores do que nós esperávamos", justificou.
O texto afirma que a candidatura de Serra poderia se recuperar com um "provável" corte dos juros básicos da economia nas próximas semanas e pelo início da propaganda eleitoral gratuita na TV. "Mas nós vemos esses dois fatores como ineficazes para reverter o atual curso."



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