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TRIBUTAÇÃO
Fisco admite rever tabela, mas sem perder receita
Conta da revisão do IR vai ser paga por quem ganha mais de R$ 2.115
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As compensações com a perda
de receita com a revisão da tabela
do Imposto de Renda em 2005 deverão recair sobre os contribuintes que pagam alíquota de 27,5%,
cobrada hoje de quem recebe
mais de R$ 2.115 por mês.
Estão nessa situação 2,15 milhões de contribuintes, que foram
responsáveis por 90% da arrecadação do IR em 2003. Cerca de 5
milhões de pessoas pagam IR.
Nesta semana, o governo anunciou um redutor de apenas R$ 100
sobre os salários, a partir de agosto, para efeito de cálculo do imposto. Mas prometeu rever a tabela em 2005. Para que isso aconteça, o governo terá de enviar um
projeto de lei para o Congresso
até agosto (por causa da elaboração do Orçamento de 2005) e
aprová-lo até o final de dezembro.
O Ministério da Fazenda, porém, deixou claro que os "níveis
atuais de arrecadação" terão de
ser mantidos. Portanto qualquer
correção na tabela que reduza o
imposto de uma parcela de contribuintes terá de ser acompanhada de medidas que elevem o imposto de outra parcela -aqueles
2,15 milhões.
Apesar de pertencerem a uma
faixa mais ampla -2,85 milhões
de pessoas-, os contribuintes
que estão na alíquota de 15% respondem por uma parcela pequena da arrecadação. Os últimos dados disponíveis -declarações de
2002- mostram que o imposto
devido foi de R$ 24,34 bilhões em
2001. Esse valor é calculado após
as restituições.
Carga já é alta
Portanto são esperadas mudanças para os contribuintes que ganham mais. Segundo técnicos da
Receita, é complicado tributar
mais a faixa que hoje paga 27,5%
porque as empresas pagam 15%
de Imposto de Renda.
A alíquota efetiva -após as deduções permitidas pela legislação- de quem está na faixa de
27,5% está em torno de 20%.
Uma alta da tributação na tabela
poderia incentivar a transformação de pessoas físicas em jurídicas. Mas a Receita tem afirmado
que também existe espaço para
elevar a tributação das empresas,
o que favoreceria as mudanças na
tabela das pessoas físicas.
No ano passado, durante a discussão da prorrogação da alíquota de 27,5% (que já deveria ter caído para 25% em janeiro de 2000,
mas foi sucessivamente adiada), a
Receita chegou a propor a alíquota de 35% para rendimentos superiores a R$ 6.000.
Segundo os técnicos, faixas
muito altas de renda concentram
poucas pessoas. Apenas 70 mil
contribuintes ganham mais de R$
12 mil mensais. Em contrapartida,
600 mil pessoas ganham mais de
R$ 5.000 por mês.
Maior progressividade
Na nota distribuída nesta semana, o Ministério da Fazenda também informou que quer dar
maior progressividade (fazer
quem ganha mais pagar mais) à
tabela "em termos de alíquotas
efetivas".
As alíquotas de 15% e 27,5% são
chamadas de marginais. As efetivas são obtidas após as deduções
permitidas. Hoje, dividindo o imposto devido pelos rendimentos
tributáveis dos contribuintes (que
pagam imposto), os técnicos encontram uma alíquota efetiva de
9,75%.
Uma das formas de modificar as
alíquotas efetivas que vêm sendo
trabalhadas pela Receita é a criação de um novo cálculo para as
deduções.
O cálculo faria com que os contribuintes pudessem descontar
apenas R$ 20 de cada R$ 100 de
despesa dedutível. Essa mudança
faria quem está na faixa mais alta
deduzir menos e quem está na faixa mais baixa deduzir mais.
O governo descartou qualquer
mudança no limite de isenção,
que deverá continuar em R$ 1.058
mensais em 2005.
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