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LUÍS NASSIF
Modelo de negócios
para o software livre
No campo do modelo de
negócios para software livre (SL), merece atenção a estratégia montada pela Cobra,
a ex-fabricante de minicomputadores que se tornou prestadora de serviços para o setor
bancário e hoje é controlada
pelo Banco do Brasil.
Seu negócio é assistência técnica e fornecimento de soluções
integradas. Tem a maior rede
de assistência técnica do país,
atendendo a 3.500 municípios
por meio de 35 escritórios e 144
pontos fixos. Faturou R$ 700
milhões em 2003, quase o dobro do ano anterior.
O interesse da Cobra é ampliar a entrada do Linux no setor bancário e das grandes corporações. E também começar a
exportar serviços, especialmente tendo em vista a competitividade brasileira na área de tecnologia bancária. No segundo
semestre estará com um escritório em Portugal, para fabricar terminais de auto-atendimento. Junto, levará 40 fornecedores brasileiros.
Onde entra o software de código aberto? Há algum tempo,
a Cobra identificou importante
nicho no mercado bancário, no
interesse dos bancos por sistemas de software livre, tendo em
vista o grande custo de renovação de licenças de softwares
proprietários.
A grande questão é que, para
plataforma baixa (microcomputadores para trabalhos de
escritório), a Microsoft tem
dois produtos dominantes: o
Office (conjunto de aplicativos
Word, Excel, Outlook, Access,
mais acessórios para ler DVD e
jogos) e o Exchange (o servidor
de e-mail que integra o Outlook).
Para a Cobra, a maneira de
superar a ausência de aplicativos surgiu quando foi procurado pela Abrasil, empresa constituída pelo grupo que criou a
Conectiva -a primeira empresa brasileira a comercializar o Linux.
O grupo havia iniciado o desenvolvimento do Freedows,
um simulador do Office, com
todas as funcionalidades e a
mesma interface dos produtos
da Microsoft, mas rodando em
Linux -e, segundo Graciano
dos Santos Neto, presidente da
Cobra, superior ao StarOffice
(adquirido pela Sun) e ao OpenOffice. Ficou algum tempo em
teste em grandes corporações e,
agora, se busca a certificação
em universidades e empresas
de auditoria.
Aí entra o modelo de negócio.
Foi montada uma joint venture, com ambas as empresas
-Cobra e Abrasil- dividindo
ao meio o direito intelectual, o
que demonstra que o sistema é
aberto, não gratuito. A versão
"light" será colocada à disposição gratuitamente para usuários pessoa física. A versão
"full" será vendida para usuários corporativos, mas o pagamento será pela assistência técnica -US$ 25 a US$ 30 por
ano, por estação de trabalho.
O passo seguinte será constituir seis grupos de desenvolvedores de código aberto, em várias partes do mundo. O sistema já está disponível em português do Brasil e de Portugal e
em mandarim.
Os grupos poderão baixar os
aplicativos, utilizá-los e sugerir
implementações. Pelas implementações aceitas, terão direito a parte do faturamento pela
venda de serviços. De sua parte, além do aprimoramento do
Freedows, a Cobra espera ter,
nessas "nacionalizações" do
produto, o passo inicial para se
expandir para outros mercados.
O produto foi apresentado
oficialmente ontem na Feira
Internacional de Automação
Bancária.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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