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RETOMADA?
Órgão do governo projeta alta de preços acima da meta e Selic em 15,5% em dezembro, mas eleva previsão de crescimento
Ipea vê inflação, juros e PIB maiores no ano
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento, reviu para cima suas estimativas de
inflação e de taxa de juros para o
fechamento deste ano, mas também aumentou levemente sua
previsão anterior para o crescimento da economia. O tom do
"Boletim de Conjuntura" de junho, divulgado ontem, é de otimismo em relação à consistência
da retomada do crescimento.
A taxa de inflação, cuja projeção
feita em março era de 5,7%, praticamente no centro da meta do governo (5,5%), passou no trabalho
de junho para 6,5%. A nova previsão do Ipea se alinha com a sinalização de que o centro da meta não
será atingido, já feita pelo Banco
Central na ata do Copom (Comitê
de Política Monetária) de maio.
A taxa Selic (juros básicos) para
o último trimestre do ano teve sua
previsão ajustada de 14,4% em
março para 15,5% no documento
deste mês. Para a taxa média do
ano, o Ipea ajustou a previsão de
15,4% para 15,9%. Quanto ao
crescimento econômico, medido
pelo PIB (Produto Interno Bruto),
a previsão passou de 3,4% para
3,5% de março para junho.
"Com o desempenho do primeiro trimestre bem melhor que
o esperado, o natural seria subir
mais [a previsão do PIB]. Só que,
com isso, veio também um quadro de mais incerteza em razão da
mudança no cenário externo",
disse Paulo Levy, diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea.
"É isso, então, que está fazendo
com que, no balanço dos fatores,
fiquemos mais ou menos no mesmo patamar em que vínhamos
anteriormente", afirmou Levy,
ressaltando ser provável que o
Ipea esteja subestimando a possibilidade de crescimento. Segundo
ele, o correto pode ser "3,5% com
algum viés de alta", podendo a taxa ficar em torno de 3,8%.
Inflação
Sobre o aumento da inflação
projetada, Levy disse que o Ipea
tem observado uma "resistência"
das medidas de núcleo de inflação
(fórmulas que buscam suavizar os
fatores de volatilidade da taxa
cheia) numa faixa entre 0,60% e
0,70% ao mês, quando o coerente
com uma inflação próxima ao
centro da meta seria um núcleo
em torno de 0,50% ao mês.
Pressões dos preços industriais
e, mais recentemente, dos preços
agrícolas no atacado e a recente
desvalorização do real em relação
ao dólar são fatores que contribuem para que se espere uma inflação maior, segundo o Ipea.
Levy disse que a projeção de 6,5%
já engloba uma estimativa de aumento da gasolina de até 10%.
Caso a recente alta do petróleo
no mercado internacional leve a
Petrobras a fazer um repasse
maior, o impacto da gasolina na
inflação teria que ser reavaliado.
Em relação aos juros, o Ipea
avalia que a alta da inflação, combinada com as incertezas do mercado internacional, sugere ao BC
um controle maior para evitar
que a inflação saia de controle. "A
gente projeta que elas [as taxas de
juros] voltem a cair, mas de maneira muito gradual", disse Levy.
Para o Ipea, o importante é que
ficou comprovado pelos números
do PIB do primeiro trimestre
(crescimento de 1,6% sobre o trimestre anterior e de 2,7% sobre o
mesmo trimestre de 2003) que o
controle da política monetária
"não abortou a recuperação".
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