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Congresso avalia socorro à mídia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Educação do Senado deverá manifestar-se formalmente sobre a proposta do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o programa de socorro
às empresas de comunicação.
Segundo o presidente da comissão, Osmar Dias (PDT-PR), uma
possibilidade é votar uma resolução recomendando ou não a operação, cujas condições foram
apresentadas nesta semana em
ofício do presidente do BNDES,
Carlos Lessa, ao senador.
O programa não depende da
aprovação do Congresso, mas o
governo decidiu buscar respaldo
político para o apoio ao setor de
mídia, o que não faz parte da tradição do BNDES. Por isso o assunto vem sendo debatido na comissão, da qual o banco espera
uma posição oficial.
No documento enviado a Dias,
Lessa relatou que o banco estuda
criar uma linha de R$ 2 bilhões
para o refinanciamento das dívidas do setor e outra de R$ 500 milhões para a compra de papel de
imprensa nacional. O banco calcula ainda que possa liberar R$ 1,5
bilhão, de recursos existentes hoje, para novos projetos e empreendimentos.
A primeira modalidade rende
críticas de alguns setores da mídia
ao programa: o refinanciamento
de dívidas não está entre as operações mais tradicionais do BNDES
-no ano passado, porém, o banco abriu uma linha de crédito para o setor elétrico, e está sendo cogitado o mesmo para o setor aéreo.
Emissoras concorrentes afirmam que a operação está sendo
desenhada para favorecer a Rede
Globo -segundo dados do ano
passado, as Organizações Globo
respondem por cerca de 60% da
dívida de R$ 10 bilhões do setor.
"Sou contrário ao uso do
BNDES para o refinanciamento
de dívidas. O banco não faz isso
para quase nenhum setor, e poderia criar um precedente perigoso", afirma Dias.
O próprio senador, porém, diz
que sua opinião tende a ser minoritária na comissão. "Pelas manifestações que foram feitas, os senadores não querem se opor à
operação. Senadores, por motivos
óbvios, não querem ficar mal com
a mídia."
Nos debates já realizados sobre
o tema neste ano, o vice-presidente da comissão, Hélio Costa
(PMDB-MG), foi um dos principais defensores da operação. O
argumento em favor do refinanciamento de dívidas, abraçado
também pelo BNDES, é que o setor é estratégico e não deve correr
o risco de cair em mãos de controladores estrangeiros.
De acordo com as regras propostas pelo BNDES, os empréstimos ao setor de mídia pelas duas
novas linhas serão feitos de forma
indireta, ou seja, por meio de bancos intermediários. O objetivo,
afirma-se, é preservar a independência das empresas em relação
ao governo.
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