São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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MENOS TENSÃO

Aumento de 2 milhões de barris/dia será em julho e poderá ser seguido por novo incremento em agosto; preço recua

Cartel elevará em 8,5% produção de petróleo

Haitham Mussawi/France Presse
Os representantes dos países-membros da Opep participam da sessão de abertura da reunião em que decidiram elevar a produção


DA REDAÇÃO

Reunidos no Líbano, 10 dos 11 membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram elevar em 2 milhões de barris por dia -ou 8,5%- a produção de petróleo a partir de julho, como forma de reduzir os preços da commodity.
Em agosto, se achar que é necessário, o cartel pode elevar a produção em mais 500 mil barris diários. Com isso, o bombeamento dos países-membros passaria dos atuais 23,5 milhões de barris/dia para 25,5 milhões em julho e 26 milhões em agosto.
A decisão, tomada ontem -e que não inclui o Iraque-, serviu para reduzir o preço do barril, que fechou em US$ 39,28 em Nova York, baixa de 1,7%, na menor cotação desde 10 de maio. Em Londres, o óleo tipo Brent encerrou os negócios cotado em US$ 36,40, com queda de 1,25%.
"Isso [a decisão da Opep] vai mandar um sinal muito, muito forte ao mercado", disse o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi. Ele disse que o incremento extra de agosto não é negociável para baixo e que pode ser até alterado para cima.
Os sauditas defendiam um incremento imediato de 2,5 milhões de barris na produção dos países do cartel, preocupados com a possibilidade de que uma queda no desenvolvimento econômico reduzisse a demanda por óleo. Mas países como Irã e Venezuela temiam colapso nos preços.
"Com essa medida, seremos capazes de testar o impacto da política no mercado de petróleo antes de nosso encontro de julho", afirmou o ministro qatariano do Petróleo, Abdullah al-Attiyah. A Opep deve se reunir novamente no dia 21 de julho.
De todo modo, Arábia e Emirados Árabes Unidos confirmaram ontem que vão aumentar suas produções em mais de 1 milhão de barris (em conjunto) já neste mês, como anunciado antes.
Os EUA saudaram a decisão, dizendo que o abastecimento adequado é crucial para sustentar o crescimento econômico. "Essa decisão mostra que os produtores estão tomando atitudes imediatas para suprir a demanda global do óleo", disse o porta-voz da Casa Branca, Claire Buchan.
Também a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) saudou a decisão, mas defendeu o fim das cotas de produção. "A decisão significa que os países produtores reconhecem que a produção é importante para acalmar os mercados", disse Claude Mandil, diretor da agência. "Mas, ao mesmo tempo, nós achamos que o mais importante é não haver cotas, não haver limitação [à produção]", afirmou.
Essa proposta fora lançada pela Argélia, mas rechaçada já anteontem ao menos por Kuait e Qatar.
"Nós achamos que os preços podem cair em até US$ 5 por barril porque os sauditas, os kuaitianos e os árabes vão produzir o suficiente para garantir a redução dos valores", afirmou Marshall Hall , da London's Energy Market Consultants.

Estoques dos EUA
Além da decisão da Opep, colaborou para reduzir a pressão sobre o mercado a divulgação ontem das reservas de combustíveis e petróleo dos EUA.
Segundo o comunicado do Departamento de Energia, as reservas de óleo cru do país aumentaram em 2,8 milhões de barris, contra uma estimativa de 2 milhões feita pelo mercado. Além disso, as reservas de gasolina cresceram em 1,3 milhão de barris na semana passada sobre a anterior.

Com agências internacionais

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