São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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EMERGENTES
Governo vende mais de US$ 2 bi em papéis da dívida; Expectativa de ajuda externa faz Bolsa subir 8,5%
Investidor se anima e compra título russo

das agências internacionais

A Rússia conseguiu vender ontem mais de US$ 2 bilhões de títulos de sua dívida em leilões realizados dentro e fora do país.
A razão do otimismo dos investidores, segundo analistas, é a expectativa de que o país contará com ajuda internacional para evitar a desvalorização do rublo, a moeda local.
O Ministério das Finanças conseguiu cerca de US$ 946 milhões em três leilões de títulos do Tesouro, oferecendo taxas inferiores a 60%, o que representa queda em relação às de mais de 74% do começo da semana. Significa que o governo, mesmo oferecendo menos, está conseguindo agora atrair os investidores, o que não vinha ocorrendo nas últimas semanas.
O governo também conseguiu colocar no mercado US$ 1,25 bilhão em eurobônus de cinco anos, pagando 6,50 pontos percentuais acima do rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano com o mesmo prazo de vencimento. As vendas possibilitaram à Rússia recursos imediatos para pagar US$ 1,2 bilhão em dívidas do Tesouro que venciam ontem.
A Rússia ainda deve pagar US$ 3,9 bilhões este mês e um total de US$ 33 bilhões até o final do ano.
O resultado com as vendas dos títulos repercutiu na Bolsa de Valores russa, que subiu pelo segundo dia consecutivo. As ações tiveram alta de 8,5%.
O mercado estima que o G-7, que reúne as nações mais industrializadas do mundo, concederá à Rússia um pacote de emergência de cerca de US$ 10 bilhões. Com a ajuda, o país poderá se recuperar da turbulência financeira que na última semana levou o banco central a aumentar as taxas de juros para 150% anuais.
"Está crescendo a confiança de que não haverá uma desvalorização do rublo, e há rumores de um pacote de US$ 10 bilhões que a Rússia receberá", afirmou Sonja Gibbs, economista do Nomura International, em Londres. O G-7 se reúne em Paris, na próxima semana, para discutir os problemas da Rússia e da Ásia.
Ontem, o jornal japonês "Nihon Keizai Shimbun" divulgou que a Rússia pedira informalmente uma ajuda de US$ 10 bilhões ao G-7 e a instituições financeiras privadas dos Estados Unidos, do Japão e de países da Europa. O premiê, Serguei Kirienko, negou que tenha solicitado ajuda externa. Kirienko viajou ontem para a França em sua primeira visita ao exterior depois que assumiu o cargo.
Ao mesmo tempo em que refletem a volta da confiança, as vendas de ontem vão aumentar o endividamento do país. "Aumentando o dinheiro de longo-prazo dessa maneira, eles estão elevando o montante do refinanciamento que será necessário no próximo ano", disse Eric Kraus, estrategista do Regent European Securities.



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