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"Federais devem mudar atuação"
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório da consultoria Booz
Allen que avaliou o futuro dos
bancos federais conclui que, no
modelo atual, as atividades comerciais desenvolvidas por essas
instituições são incompatíveis
com as suas políticas públicas.
No estudo, três das cinco alternativas propostas descartam a
manutenção das carteiras comerciais dos bancos federais.
O debate sobre o destino desses
bancos (Banco do Brasil, BNDES,
Caixa Econômica Federal, Banco
da Amazônia e Banco do Nordeste), iniciado ontem pelo governo,
deve durar cerca de três meses.
Segundo o estudo, o custo da
execução das políticas públicas
-agricultura, habitação, desenvolvimento setorial, desenvolvimento regional, geração de emprego e renda- não são claramente identificados hoje.
"Os custos são subsidiados internamente pelas instituições",
diz o relatório. Os consultores
avaliam que esses subsídios têm
de ser explicitados no Orçamento,
o que não acontece hoje.
A "mistura" entre as atividades
comerciais (venda de produtos financeiros, aplicações) e a execução de políticas públicas, segundo
o relatório, torna pouco transparentes os custos dos serviços prestados pelos bancos federais.
O relatório afirma que as carteiras "econômico-sociais", que representam as políticas públicas,
correspondem a 44% dos ativos
de R$ 353 bilhões dos bancos federais.
Segundo a consultoria, as despesas administrativas dos bancos
federais em 99 correspondiam a
96% de suas receitas. Em junho de
99, o Banco do Brasil tinha despesas administrativas equivalentes a
259% de suas receitas.
Para comparar os bancos federais com os privados, a consultoria escolheu a soma dos números
do Bradesco, Itaú, Unibanco e
Real. Para esse conjunto, as despesas administrativas eram 71%
da receita total em 99.
Apesar desses problemas, o relatório explica que a iniciativa privada não atua em, pelo menos,
dois segmentos que têm uma forte presença dos bancos federais:
financiamentos de longo prazo
para investimento (BNDES) e créditos de médio e longo prazos para o comércio exterior (BB).
Essas duas atuações dos bancos
federais são fundamentais, na
opinião da consultoria, porque
faltam recursos de longo prazo no
mercado e, praticamente, inexiste
um mercado de capitais desenvolvido no país.
"Os bancos federais absorvem
riscos que a iniciativa privada é
incapaz de avaliar e cobre eventuais falhas de mercado na oferta
à população de acesso ao mercado financeiro", diz o relatório.
Os consultores avaliam ainda
que é necessário aproveitar as
conquistas dessas instituições:
marcas fortes e respeitadas, confiança do público e competências
específicas, como o conhecimento de peculiaridades locais em todo o país.
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