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VEÍCULOS
Índices de nacionalização crescem e montadoras como a Fiat identificam itens que agora podem ser exportados
Indústria de autopeças respira com máxi
LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local
A desvalorização do real a partir
de janeiro foi decisiva para virar o
jogo a favor da indústria nacional
de partes e peças. Ainda que a
substituição de importações seja
um processo moroso, o fato é que
os índices de nacionalização estão
crescendo, especialmente no setor
automotivo.
O Marea, por exemplo, modelo
da Fiat que tinha índice de nacionalização de 25% a 30% em 98, saltou para 50% em maio e deve chegar a 70% em dezembro.
"O câmbio mudou o cenário
completamente", afirma Piero
Grillo, diretor de compras da Fiat.
"Ganhamos um mercado para exportação de autopeças que deve
superar US$ 100 milhões este ano."
A montadora italiana, que antes
importava peças da Polônia e da
Turquia, identificou 500 itens como exportáveis e já está produzindo e exportando 100 deles, diz ele.
Nas contas de Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), se o dólar se mantiver entre
R$ 1,70 e R$ 1,75, o índice de nacionalização das autopeças deve crescer de cinco a oito pontos percentuais até o final deste ano.
A General Motors prefere medir
a nacionalização de seus veículos
em dólares. Segundo José Carlos
Pinheiro Neto, vice-presidente, até
junho a montadora contabilizou
compras adicionais no mercado
interno de US$ 40 milhões.
Na GM, já foram nacionalizados
96 itens, segundo Pinheiro Neto, e
estão em desenvolvimento nos
fornecedores mais 540, que equivaleriam a US$ 120 milhões.
Já a Ford procura não vincular a
mudança no câmbio com a nacionalização. "É uma produção cativa, que requer cuidados técnicos e
planejamento de longo prazo",
justifica Célio de Freitas Batalha,
diretor de assuntos corporativos.
De todo modo, Batalha acredita
que a tendência é caminhar para
índices altos de nacionalização. No
caso dos carros populares da Ford,
prevê que os índices hoje de 87% a
88% devem superar 90% até dezembro próximo.
"Essa decisão não foi tomada em
janeiro, na mudança do câmbio,
porque o fornecedor precisa de
tempo para desenvolver ferramental e treinar funcionários."
Segundo Butori, todas as montadoras estão empenhadas na nacionalização. Fiat e GM, por exemplo,
desmontaram carros e chamaram
os fornecedores para ver quais peças poderiam produzir aqui.
Para as montadoras em geral,
atingir 100% de nacionalização seria ótimo. Até porque importar envolve logística complicada, ineficiência da estrutura portuária e desembaraço aduaneiro. Além disso,
consideram de boa qualidade a
produção nacional de autopeças.
O avanço da nacionalização, agora, segundo Pinheiro Neto, vai depender da rapidez dos fornecedores. "Só não vamos abrir mão de
preço, qualidade e serviço, que é a
regra do jogo."
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