São Paulo, Domingo, 04 de Julho de 1999
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VEÍCULOS
Índices de nacionalização crescem e montadoras como a Fiat identificam itens que agora podem ser exportados
Indústria de autopeças respira com máxi

LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local

A desvalorização do real a partir de janeiro foi decisiva para virar o jogo a favor da indústria nacional de partes e peças. Ainda que a substituição de importações seja um processo moroso, o fato é que os índices de nacionalização estão crescendo, especialmente no setor automotivo.
O Marea, por exemplo, modelo da Fiat que tinha índice de nacionalização de 25% a 30% em 98, saltou para 50% em maio e deve chegar a 70% em dezembro.
"O câmbio mudou o cenário completamente", afirma Piero Grillo, diretor de compras da Fiat. "Ganhamos um mercado para exportação de autopeças que deve superar US$ 100 milhões este ano."
A montadora italiana, que antes importava peças da Polônia e da Turquia, identificou 500 itens como exportáveis e já está produzindo e exportando 100 deles, diz ele.
Nas contas de Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), se o dólar se mantiver entre R$ 1,70 e R$ 1,75, o índice de nacionalização das autopeças deve crescer de cinco a oito pontos percentuais até o final deste ano.
A General Motors prefere medir a nacionalização de seus veículos em dólares. Segundo José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente, até junho a montadora contabilizou compras adicionais no mercado interno de US$ 40 milhões.
Na GM, já foram nacionalizados 96 itens, segundo Pinheiro Neto, e estão em desenvolvimento nos fornecedores mais 540, que equivaleriam a US$ 120 milhões.
Já a Ford procura não vincular a mudança no câmbio com a nacionalização. "É uma produção cativa, que requer cuidados técnicos e planejamento de longo prazo", justifica Célio de Freitas Batalha, diretor de assuntos corporativos.
De todo modo, Batalha acredita que a tendência é caminhar para índices altos de nacionalização. No caso dos carros populares da Ford, prevê que os índices hoje de 87% a 88% devem superar 90% até dezembro próximo.
"Essa decisão não foi tomada em janeiro, na mudança do câmbio, porque o fornecedor precisa de tempo para desenvolver ferramental e treinar funcionários."
Segundo Butori, todas as montadoras estão empenhadas na nacionalização. Fiat e GM, por exemplo, desmontaram carros e chamaram os fornecedores para ver quais peças poderiam produzir aqui.
Para as montadoras em geral, atingir 100% de nacionalização seria ótimo. Até porque importar envolve logística complicada, ineficiência da estrutura portuária e desembaraço aduaneiro. Além disso, consideram de boa qualidade a produção nacional de autopeças.
O avanço da nacionalização, agora, segundo Pinheiro Neto, vai depender da rapidez dos fornecedores. "Só não vamos abrir mão de preço, qualidade e serviço, que é a regra do jogo."



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