da Reportagem Local
A estratégia dos advogados de defesa da associação entre Brahma e Antarctica inclui uma pasta recheada de números, estatísticas e casos.
O Cade vai ser confrontado com casos aprovados por seus próprios conselheiros, que apresentariam situações semelhantes às existentes na criação da AmBev.
Os advogados da nova empresa levantaram mais de 15 fusões de empresas que resultavam em uma concentração de mercado superior a 75%. Segundo a Lei Antitruste, compras e fusões que resultam em domínio de mais de 20% do mercado devem passar pelo Cade.
O conselho tem poder para vetar negócios.
Em alguns dos processos listados, o Cade fez exigências às empresas para garantir competição no mercado, mas em outros casos a aprovação foi irrestrita, diz Carlos Francisco de Magalhães, do escritório Magalhães, Ferraz, encarregado de traçar a defesa da AmBev.
Em 97, o Cade autorizou que os quatro fabricantes nacionais de tubos em aço inox -Acesita, Taquisa, Tubra e Tubinox- se fundissem em uma só empresa, que passou a dominar 92% do mercado.
Em outros processos, o Cade exigiu a adoção de providências, em geral a garantia de investimentos. Foram aprovadas as fusões da Melitta e da Jovita (que, juntas, detinham 86% do segmento de coador de café de papel) e a junção da Ajinomoto e da Oriento. Também foi sancionada a compra pelo conglomerado formado pela Mahle (da Alemanha) e pela Cofap da Metal Leve.
A defesa da AmBev não vai ficar apenas no histórico do próprio Cade, mas vai tentar enfatizar a intenção de manter estruturas separadas de distribuição para Brahma, Antarctica e Skol, garantindo a competição entre elas.
Os diretores da Brahma e da Antarctica acham que é possível a coexistência dessas estruturas independentes porque já é o que ocorre com a Skol e a Brahma.
Os ganhos da associação viriam de outras áreas, como logística, que permitiria o abastecimento de uma determinada região com cervejas de várias marcas produzidas pela mesma fábrica.


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