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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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COMÉRCIO DA MORTE

Mulheres representam 60% dos clientes

Empresa usa humor negro em campanha de seguro funerário

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Humor, às vezes negro, para divulgar serviços de assistência funeral. A fórmula, usada pela seguradora Sinaf, passou a ser a arma principal das campanhas da empresa -criadas em torno de slogans como: "Nossos clientes nunca voltaram para reclamar".
Outro clássico da campanha é o cartaz que anuncia: "O seguro de vida que você vai dar graças a Deus. Pessoalmente". Alguns anúncios são sutis, outros, propositalmente chocantes. Nesta segunda categoria, está o que apresenta a cobertura de gastos com cremação como "novidade quentinha do Sinaf".
O Sinaf é a principal empresa do ramo no Rio e responde por 10% dos serviços funerários da cidade. O grupo é dono também de uma casa funerária e de um cemitério.
Ao associar tal leque de atividades ao riso, a empresa avalia que tornou sua marca conhecida e que venceu o tabu que cerca os produtos relacionados à morte.
"Há muita dificuldade de se lidar com a morte. O humor ajuda a quebrar esta barreira e facilita a abordagem dos vendedores", disse o diretor e principal executivo do Sinaf, Pedro Bulcão.
O publicitário Sérgio de Paula, presidente da agência Comunicação Carioca, sugeriu o caminho do humor a Bulcão. O primeiro outdoor mostrava uma velhinha, sorridente e de cabelos brancos, ao lado da frase: "Como planejar a morte da sua sogra".
Era o máximo da ousadia para uma empresa que nunca havia feito propaganda de sua marca ou de seus serviços. Bulcão não concorda com a afirmação de que a campanha faça humor negro.
A clientela da empresa, de 400 mil pessoas, está concentrada nas classes C e D. As mulheres, na faixa dos 35 a 55 anos, respondem por 60% dos seguros contratados. O faturamento tem crescido à média anual de 35%. O grupo faturou cerca de R$ 24 milhões no ano passado.
Além dos outdoors, a empresa faz propagandas eventuais na TV e patrocina a programação esportiva da Rádio Globo. No final do jogo, o pior jogador é eleito o "mortinho em campo".
Uma das peças da campanha, o filme "O Zé é um bom companheiro", disputou o Leão de Ouro do Festival de Cannes, no mês passado.
O filme começa com um grupo jogando um homem de terno para o alto e cantando "O Zé é um bom companheiro, ninguém pode negar".
A câmera se afasta e mostra um caixão vazio, enquanto uma voz ao fundo diz: "Faça um seguro de vida do Sinaf Seguros. Sua família vai te amar para sempre".


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