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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Mas isso se não houver piora no cenário, avaliam analistas; Brasil perde com alta de juros nos EUA
Dólar pode não ter espaço para subir muito
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se não houver um agravamento
do cenário, o câmbio poderá não
encontrar muito espaço para alta,
segundo analistas.
A maioria dos analistas concorda que o Brasil perdeu atratividade com a alta das taxas de juros de
longo prazo nos Estados Unidos.
Graças ao aumento da rentabilidade dos títulos do Tesouro dos
EUA de dez anos, ficou mais caro
trazer dinheiro para o Brasil, e os
investidores tendem a se voltar
para os papéis norte-americanos.
Por outro lado, afirmam que a
diferença entre os juros nos Estados Unidos e os que se pagam no
Brasil ainda é muito grande.
"Melhor captar a 12% no exterior do que a 24% no mercado local", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB.
Segundo um economista de um
outro banco, a Selic pode ficar 6
pontos percentuais acima do risco médio (cerca de 12%, dependendo de quem captava recursos
no exterior, na sexta-feira) que o
câmbio tenderia a permanecer no
patamar atual. Ou seja, a deterioração do cenário não afetaria a redução de juros, que poderiam cair
para 18%.
Segundo analistas, o espaço de
alta da taxa de juros longos (de títulos do Tesouro dos EUA de dez
anos) seria reduzido pela baixíssima taxa básica de juros do país.
Sem contar que, para uma boa
parcela de especialistas, a recuperação norte-americana deve se
mostrar passageira.
Sem grandes mudanças de cenário, uma parcela de analistas estima que a taxa longa norte-americana pare de subir e o dólar volte
a ceder um pouco em relação ao
real. "A não ser que o risco-país
ultrapasse os 1.000 pontos", diz
um analista.
Incertezas
Se a maioria dos analistas credita o estresse no câmbio principal
mente à alta dos juros de longo
prazo norte-americanos, boa parte deles não menospreza o que
chamam de incertezas internas.
"O governo cedeu em relação à
reforma previdenciária e não sabemos até onde vai continuar cedendo", diz Thomazoni.
"Não está clara a atitude do governo em relação a muitos fatores: à pressão dos sem-terra, à reforma da Previdência e ao acordo
com o FMI", diz João Luiz Máscolo, do Ibmec. Máscolo, que também é sócio da Foresee, questiona
ainda o objetivo do "swap" (troca) realizado na semana passada.
Nessa operação de "swap" de títulos da dívida externa, considerada um fracasso por parte do
mercado, o BC conseguiu trocar
apenas dois (os Par Bonds e os
Discount Bonds) dos três papéis
que intencionava. Não foram
aceitas propostas para os principais papéis brasileiros, os C-Bonds.
"Não se sabe se a idéia era fazer
um teste para avaliar interesse por
papéis brasileiros, que mostrou-se pequeno, aumentar reservas
para não ir ao Fundo ou se o governo pretende alongar o acordo", afirma Máscolo.
Apesar da proposta de troca de
títulos mais curtos por outros
mais longos, o "swap", que ajudou a estressar o mercado na semana passada, também teve vantagens.
Os bônus Par e Discount tinham colaterais (garantias para
quem fica com o título). Ao trocar
esses títulos, o governo conseguiu
a liberação de US$ 490 milhões
em garantias colaterais e gerar,
somada à nova emissão, US$ 613
milhões em recursos ao país.
"No mínimo houve um problema de "timing". A troca deveria ter
sido feita antes da subida dos juros nos EUA. Eles estavam em
3,4% há um mês e meio, um nível
insustentável", diz Máscolo.
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