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VÔO DA ÁGUIA
Gastos dos americanos registram o primeiro recuo em nove meses e o maior desde os atentados de 11 de Setembro
Consumo nos EUA tem queda acentuada
DA REDAÇÃO
Os gastos dos consumidores,
responsáveis por cerca de dois
terços do PIB (Produto Interno
Bruto) americano, registraram
em junho a maior queda desde o
11 de Setembro, divulgou ontem o
Departamento de Comércio.
As despesas caíram 0,7% em relação ao mês anterior, acima das
previsões dos analistas, que apontavam queda de 0,1%. O tombo, o
primeiro desde setembro de 2003,
não era tão elevado desde que os
atentados terroristas semearam o
medo pelo país e encolheram os
gastos em 2001. Em maio, o indicador havia subido 1%.
A queda de junho, afirmou o departamento, ajuda a explicar o desempenho abaixo do esperado
pelos economistas no subitem do
PIB. Os gastos dos consumidores
cresceram 2% no segundo trimestre, metade do previsto e abaixo
ainda do registrado nos três primeiros meses do ano (4%).
Ainda de acordo com o órgão, a
maior parte da redução ocorreu
devido ao declínio das vendas de
veículos e de peças, um setor que
tem demonstrado volatilidade
nas últimas semanas.
Na visão do Federal Reserve (o
banco central americano), expressada pelo presidente Alan
Greenspan no mês passado, a retração nos gastos com consumo é
explicada em parte pela valorização dos custos de energia, especificamente do petróleo.
O relatório de ontem mostrou
ainda que a renda pessoal, um
"combustível" para os gastos,
também foi atingida e subiu 0,2%
em junho, a menor alta em mais
de um ano. No mês anterior, a expansão havia sido de 0,6%.
Analistas se dividiram quanto
ao impacto do relatório. "A questão é saber se a debilidade continuará. Acreditamos que não e que
os gastos dos consumidores começarão a subir, mas é uma pausa", disse Paul Ferley, economista
do BMO Financial Group.
Muitos, no entanto, relacionaram a redução dos gastos ao temor no mercado de trabalho e
afirmaram que é melhor esperar
pelos dados do emprego do mês
passado, que serão divulgados na
sexta-feira. Em junho, houve a
criação de 112 mil novas vagas,
metade do que era estimado.
"O emprego será um fator-chave para a renda subir e os gastos
voltarem a crescer", disse Lynn
Reaser, economista do Bank of
America Capital Management.
O indicador de ontem é o mais
recente a mostrar o enfraquecimento da retomada da economia
em junho. Dados sobre vendas no
varejo, produção industrial, preços no atacado e gastos com construção já haviam sugerido a queda da atividade nesse mês.
A retração atingiu a economia
de tal modo que o país cresceu a
uma taxa anualizada de 3% no segundo trimestre, segundo anunciou o governo na sexta-feira passada. A expansão foi menor do
que a prevista pelo mercado (em
torno de 3,7%) e do que a do trimestre anterior (4,5%).
Retomada
Porém, no mesmo depoimento
em que reconheceu a perda de fôlego da atividade, em julho, o presidente do Fed afirmou considerá-la passageira. Indicadores recentes relativos ao mês passado
sugerem que, de fato, a economia
já voltou a adquirir ritmo.
No início da semana, o ISM
(Instituto de Gestão de Oferta, na
sigla em inglês) afirmou que o setor industrial intensificou o ritmo
de crescimento em julho.
O índice da atividade manufatureira ficou em 62 pontos, alta de
0,9 ponto. Valores acima de 50
pontos apontam expansão da atividade, e abaixo, retração. A retomada atingiu os subitens de novos pedidos e de produção.
De todo modo, o dado sobre
consumo afetou as Bolsas. Em
Nova York, sob influência também das cotações em alta do petróleo, o índice Dow Jones encerrou com perdas de 0,58%, e o Nasdaq, das ações de empresas de alta
tecnologia, de 1,73%.
Com agências internacionais
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