São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Alta da gasolina é opção política, afirma analista

ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE

O governo evita aumentar os preços dos derivados de petróleo para contornar a polêmica e não prejudicar seus aliados políticos nas eleições de outubro, de acordo com Adriano Pires, da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura). "O PT não aumenta [os preços], porque a Petrobras é administrada politicamente."
Para o analista, os preços do diesel estão defasados entre 13% e 15%, e os da gasolina, em 20%. Pires diz que o aumento dos derivados de petróleo é inevitável e, "com certeza", ele irá ocorrer após o segundo turno das eleições municipais.
Ele afirma também que há uma chance de o reajuste acontecer antes -entre dez ou 15 dias. Isso seria possível caso os preços internacionais subam ainda mais e o real se desvalorize em relação ao dólar.
De acordo com Fabiana Fantoni, da Tendências Consultoria, a cotação internacional do petróleo pode continuar pressionada, a curto prazo, devido a tensões geopolíticas. A consultoria, porém, calcula que o barril deve encerrar o ano valendo US$ 34. Ontem, o preço do barril em Nova York fechou o dia em US$ 44,15.
Em junho, após o aumento de 10,8% nos preços da gasolina e de 10,6% do diesel nas refinarias, a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse que esse reajuste não seria suficiente para compensar as perdas da Petrobras com a elevação dos preços dos derivados de petróleo no mercado internacional. Naquela ocasião, o governo acreditava que o barril fosse ficar em torno de US$ 35.
O cuidado do governo com o impacto inflacionário também é político, diz Pires. "A Petrobras controla artificialmente o aumento da inflação porque está querendo beneficiar o partido." O analista diz também que o lucro da Petrobras será menor que o registrado no ano passado. Em 2003, a empresa lucrou US$ 17,795 bilhões.
A Petrobras não quis comentar sobre os preços dos derivados e informou que está analisando o mercado.


Colaborou a Reportagem Local

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