São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Indústria cresce mais e deve elevar PIB

Produção industrial fecha semestre com alta de 4,8%, impulsionada por juros mais baixos, mais emprego e crédito

Resultado positivo atinge 73% dos setores industriais e se acentua no 2º trimestre, criando expectativa de um crescimento maior do PIB

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionada principalmente pelo consumo interno, a produção da indústria cresceu 4,8% no primeiro semestre de 2007. Segundo Silvio Sales, coordenador de indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção cresceu "em resposta ao contínuo aumento da demanda doméstica".
Os fatores que explicam esse movimento, aponta Sales, são juros mais baixos, crescimento do emprego, expectativa positiva de empresário e crédito farto.
Para Sales, a manutenção de resultados positivos nas exportações -que cresceram 19,9% no semestre, na contramão das previsões inicias de queda neste ano- e o bom desempenho do setor agrícola também ajudaram a indústria no primeiro semestre.
De acordo com Sales, "a tendência é que a conjuntura econômica favorável", que assegurou o crescimento da indústria nos primeiros seis meses do ano, mantenha-se no segundo semestre.

Efeito no PIB
Diante dos resultados positivos da indústria principalmente no segundo trimestre, economistas já estimam um avanço mais forte do PIB. O crescimento do setor saltou de 3,8% no primeiro trimestre para 5,8% no segundo na comparação com os mesmos períodos de 2006.
Com a aceleração, a Mellon Global Investments espera um crescimento de 6% no PIB do segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2006. Na comparação com o primeiro trimestre, estima uma alta de 1,2%. A MB Associados prevê um crescimento de 4,9% ante o segundo trimestre de 2006.
"A indústria surpreendeu no segundo trimestre com um crescimento forte, mais acelerado e mais generalizado, o que certamente vai se refletir no PIB", diz a economista Solange Srour, da Mellon Global Investments. Para Sérgio Vale, da MB, a "indústria teve uma recuperação robusta" no segundo trimestre, que vai ter reflexo no PIB.

Investimentos
Para Joel Bogdanski, economista do banco Itaú, já era mais do que esperado a indústria crescer sustentada pelo crescimento do consumo interno num cenário de cortes sucessivos dos juros desde setembro de 2005 com estabilidade de preços.
Tal ambiente, diz, é positivo para empresários investirem com a demanda em alta e a redução do custo dos financiamentos, como ocorreu no primeiro semestre.
Com isso, a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) liderou no primeiro semestre, com crescimento de 16,7%. Cresceu mais intensamente a produção de máquinas para a indústria (20,8%) e a agricultura (31%), embora todos os ramos tenham tido alta acima de 10%.
Na categoria de bens de consumo duráveis (alta de 4,4%), o destaque foi a produção de veículos, que cresceu 8,9% sob efeito da ampliação do crédito.

Crescimento generalizado
O ramo que mais contribuiu para o desempenho do semestre foi o de equipamentos de informática (21,2%). Já o principal efeito negativo veio do setor de material eletrônico e de comunicações (-9,2%), afetado pela queda das exportações de celulares.
Tanto Vale, da MB, como Sales, do IBGE, ressaltaram ainda como ponto positivo o fato de o crescimento da indústria estar mais generalizado do que em épocas anteriores. Em 2006, 56% dos setores tiveram crescimento. O percentual subiu para 73% no segundo trimestre deste ano.


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