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MERCADO FINANCEIRO
Analistas dizem acreditar que autoridade monetária permitirá queda da moeda a fim de segurar preços
BC pode usar dólar para conter inflação
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
O Banco Central deve favorecer
a tendência de queda do dólar
com o objetivo de aliviar os custos
das empresas e, por conseqüência, conter a inflação, evitando assim uma medida drástica de elevar a taxa de juros. Essa avaliação
é de analistas do mercado de câmbio, para quem a moeda norte-americana deve ficar abaixo da
barreira psicológica dos R$ 3,00
nas próximas semanas.
Ontem, a moeda caiu 0,41% e
fechou vendida a R$ 2,928, o menor valor em mais de quatro meses -desde 27 de abril, quando
valia R$ 2,918. Na semana, o dólar
acumulou baixa de 0,91%. A valorização do real só não foi maior
porque os importadores reforçaram suas compras de moeda a fim
de aproveitar o preço baixo.
"Existe a expectativa de forte
entrada de recursos no país nas
próximas semanas e até de uma
nova captação do Brasil com
emissão de títulos. A oferta é
grande. A moeda não tem força
para subir e poderá testar uma
mínima de R$ 2,90", disse o vice-presidente de tesouraria do banco
alemão WestLB, Flávio Farah.
O rumor sobre a possível venda
de um novo bônus brasileiro cotado em euro ganhou força nos
últimos dias após a notícia sobre a
visita que o secretário do Tesouro,
Joaquim Levy, fará a investidores
na Europa, na próxima semana.
Mas os profissionais do câmbio
falam que o BC evitará um dólar
muito barato, como ocorreu em
janeiro, quando a divisa foi negociada pela mínima de R$ 2,79 e
obrigou a autoridade monetária a
realizar leilões de compra, suspensos em fevereiro.
"Não faz sentido o BC voltar a
comprar dólares para reforçar as
reservas do país. É mais interessante deixar que a queda da moeda ajude a conter a inflação", afirmou o gerente do Banco Prosper,
Carlos Cintra.
Apesar de segunda ser feriado
nos EUA e véspera do Dia da Independência no Brasil, o BC vai
sondar a demanda dos bancos
por hedge (proteção cambial) e
deve anunciar, à noite, se vai renovar ou não uma dívida de US$
1,073 bilhão em títulos com vencimento no dia 16. A expectativa é
de resgate total dos papéis.
"Dólar abaixo de R$ 2,90 por
muito tempo é um cenário muito
improvável, pois prejudicaria as
exportações, o carro-chefe do espetáculo do crescimento", afirmou o diretor da corretora Americainvest, Luiz Kleber Hollinger.
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