São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Analistas dizem acreditar que autoridade monetária permitirá queda da moeda a fim de segurar preços

BC pode usar dólar para conter inflação

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

O Banco Central deve favorecer a tendência de queda do dólar com o objetivo de aliviar os custos das empresas e, por conseqüência, conter a inflação, evitando assim uma medida drástica de elevar a taxa de juros. Essa avaliação é de analistas do mercado de câmbio, para quem a moeda norte-americana deve ficar abaixo da barreira psicológica dos R$ 3,00 nas próximas semanas.
Ontem, a moeda caiu 0,41% e fechou vendida a R$ 2,928, o menor valor em mais de quatro meses -desde 27 de abril, quando valia R$ 2,918. Na semana, o dólar acumulou baixa de 0,91%. A valorização do real só não foi maior porque os importadores reforçaram suas compras de moeda a fim de aproveitar o preço baixo.
"Existe a expectativa de forte entrada de recursos no país nas próximas semanas e até de uma nova captação do Brasil com emissão de títulos. A oferta é grande. A moeda não tem força para subir e poderá testar uma mínima de R$ 2,90", disse o vice-presidente de tesouraria do banco alemão WestLB, Flávio Farah.
O rumor sobre a possível venda de um novo bônus brasileiro cotado em euro ganhou força nos últimos dias após a notícia sobre a visita que o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, fará a investidores na Europa, na próxima semana.
Mas os profissionais do câmbio falam que o BC evitará um dólar muito barato, como ocorreu em janeiro, quando a divisa foi negociada pela mínima de R$ 2,79 e obrigou a autoridade monetária a realizar leilões de compra, suspensos em fevereiro.
"Não faz sentido o BC voltar a comprar dólares para reforçar as reservas do país. É mais interessante deixar que a queda da moeda ajude a conter a inflação", afirmou o gerente do Banco Prosper, Carlos Cintra.
Apesar de segunda ser feriado nos EUA e véspera do Dia da Independência no Brasil, o BC vai sondar a demanda dos bancos por hedge (proteção cambial) e deve anunciar, à noite, se vai renovar ou não uma dívida de US$ 1,073 bilhão em títulos com vencimento no dia 16. A expectativa é de resgate total dos papéis.
"Dólar abaixo de R$ 2,90 por muito tempo é um cenário muito improvável, pois prejudicaria as exportações, o carro-chefe do espetáculo do crescimento", afirmou o diretor da corretora Americainvest, Luiz Kleber Hollinger.


Texto Anterior: Mudança: Europa "flexibiliza" regras fiscais
Próximo Texto: O vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.