São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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MERCADO TENSO
Classificação dificulta a vinda de dólares para o país; Bovespa acumula queda de 49,44% desde abril
Nota baixa da Moody's faz Bolsa cair 8,6%

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local


A decisão da Moody's, que dificulta a obtenção de crédito por parte do Brasil e das empresas brasileiras, foi a gota d'água que faltava para derrubar mais a Bolsa de Valores de São Paulo ontem. O índice Bovespa, das ações mais negociadas, caiu 8,61%, a segunda maior queda do ano. Terminou o dia em 6.218 pontos, o mais baixo patamar desde agosto de 1996.
No mês, a Bolsa apresenta queda de 3,92% e desde o pico de alta deste ano, no dia 5 de abril, o tombo acumulado já chega a 49,44%.
O mercado de ações de São Paulo já abriu caindo e ficou em baixa de cerca de 4% durante o dia. Despencou após o anúncio da decisão da Moody's.
"Todos quiseram sair da Bolsa e houve uma procura desesperada por liquidez", disse o especialista Manuel Maceira.
O volume de recursos movimentado, de R$ 604,8 milhões, confirma que os investidores estão deixando o mercado a qualquer preço. A saída de recursos estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo continua.
Das 57 ações que compõem o índice Bovespa, apenas duas terminaram o dia com seus cotações em alta: White Martins ON (com direito a voto) e Telesp Celular ON. Entre as dez ações mais negociadas, o maior tombo ficou por conta do papel PN (sem direito a voto) do Banespa, de 13,51%. Telebrás PN despencou 10,29%, para fechar a R$ 76,70 o lote de mil.
Pela manhã, os boatos tomaram conta do mercado. Comentava-se que o Fed, banco central dos Estados Unidos, estaria preparando um pacote de ajuda ao Brasil, diante da atual sangria de mais de R$ 1 bilhão por dia nas reservas externas.
O mercado fraco em Nova York, que caiu ainda mais após a decisão da Moody's, só trouxe mais pessimismo à Bolsa brasileira. A Bolsa de Valores de Nova York chegou a despencar mais de mais de 2%, para terminar o dia em baixa de 1,28%.
Os bancos e as empresas cujos lucros dependem de países emergentes lideraram a queda do índice Dow Jones, das ações mais negociadas em Nova York.
O C-bond, título brasileiro mais negociado do mercado, fechou em 55% do valor de face ontem, uma queda de menos de 1 ponto contra os 55,75% do valor de face do fechamento de anteontem.
Outro título brasileiro, de vencimento mais curto, chamado de IDU, teve sua cotação sobre o valor de face reduzida de 86,125% para 85,65%.
A intervenção do governo impede uma queda maior.



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