MARA LUQUET
Editora do Folhainvest

O Banespa fechou o dia ontem valendo, em mercado, R$ 1,16 bilhão (o número de suas ações multiplicado pelo preço em que foram negociadas). Se descontado o valor das ações da Cesp e os títulos da dívida externa brasileira ("bradies") que o banco tem em carteira, o valor do Banespa era de R$ 178 milhões.
Para um banco com capital de R$ 4 bilhões (R$ 2,5 bilhões descontados os ativos da Cesp e os "bradies"), esse, sem dúvida, é um valor que impressiona e reflete o estrago provocado pelas perdas iniciadas na Rússia.
Segundo fontes do mercado, a pressão vendedora das ações do Banespa partiu principalmente de "hedge-funds" e de bancos alemães que tiveram perdas pesadas porque tinham uma exposição ao redor de US$ 30 bilhões em papéis de dívida da Rússia.
As perdas fizeram com que os bancos tivessem que reduzir sua exposição ao risco nos mercados emergentes. Como alguns desses bancos tinham muitas ações do Banespa em carteira própria, a ordem foi se desfazer desses papéis. Ontem foram vendidos 306 milhões de ações do banco, em 376 negócios.
Essa queda no preço das ações ocorre às vésperas de sua privatização e num momento em que a diretoria do Banespa estuda a possibilidade de promover uma recompra de suas ações no mercado. Esse é um caminho considerado eficiente para reduzir o enorme capital do banco que hoje é um dos principais entraves à sua privatização.
"Essa idéia será analisada quando a modelagem da privatização do banco estiver sendo definida", diz João Alberto Magro, presidente do Banespa. "É o melhor mecanismo para reduzir o capital", acrescenta.
O Banespa tem capital de R$ 4 bilhões, o que é extremamente alto. Com carteira de créditos de R$ 3,5 bilhões, o banco não precisa de todo esse tamanho. O excesso de capital atrapalha a privatização porque reduz o número de potenciais compradores.
Outro caminho que vem sendo estudado para reduzir o capital é separar os ativos não bancários do patrimônio, como as ações da Cesp e os "bradies".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice