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MERCADO TENSO
Lojistas se preparam para trocar sistema de cobrança de juros; uso de taxas pré-fixadas deve diminuir
Incerteza leva comércio a juro pós-fixado
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
Uma conquista importante
da economia
brasileira está
ameaçada. O comércio está se
preparando para trocar o sistema de cobrança de juros. Deve diminuir o uso de taxas pré-fixadas,
em que o cliente sabe o quanto vai
pagar da primeira à ultima prestação. Em seu lugar, os lojistas preparam a volta do sistema pós-fixado, em que as taxas variam ao longo do tempo.
"O comércio está preparando
uma troca generalizada do sistema
de juros", diz Fábio Pina, economista da Federação do Comércio
de São Paulo. "É um sinal de incerteza grave, um retrocesso nas
conquistas que o país fez com a estabilidade econômica."
A troca é consequência dos receios em torno do futuro da economia. Ficou mais difícil para as
empresas captar dinheiro a longo
prazo porque há o temor de que o
governo tenha de subir as taxas de
uma hora para outra. "Está difícil
fazer uma projeção da taxa futura" , diz Salomão Alelaf, diretor
da financeira Losango.
A incerteza levou a um aumento
dos juros cobrados das empresas
no mercado financeiro. Em agosto, as taxas de um ano subiram de
23% ao mês para 35%.
A alta dos custos de captação associada ao medo de um solavanco
dos juros está levando o comércio
a buscar duas alternativas: subir os
juros desde já ou adotar taxas
pós-fixadas.
Os bancos de montadoras de
carros estão subindo suas taxas e
as concessionárias devem incentivar mais contratos pós-fixados. Na
venda de carros, os contratos
pós-fixados variam conforme a
oscilação do dólar. Os "contratos
cambiais" cobram juros mais baixos, mas têm o risco de multiplicar o valor da prestação no caso de
uma desvalorização do real.
"Muitas concessionárias vão
forçar mais a venda com contratos
de variação cambial para se proteger. Os clientes não devem comprometer mais do que 30% da renda em um contrato como esse,
mais sujeito a variações", diz
Naul Ozi, diretor da concessionária Sopave.
Os bancos também estão revendo suas taxas e já se fala no cancelamento de linhas de crédito."Como o custo de captação aumentou, também tivemos de elevar em
0,5% as taxas que cobramos nos
empréstimos que são negociados
nas agências, com os gerentes",
diz Paulo Renato Steiner, diretor
do HSBC.
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