São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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Crediário ficará mais caro

RICARDO GRINBAUM
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

O consumidor pode se preparar para pagar mais caro nas compras a prazo. Lojas de eletrodomésticos preparam reajustes nas taxas que cobram nas vendas parceladas.
A Folha apurou junto a grandes redes que esse aumento pode chegar a um ponto percentual ao mês.
Hoje, o consumidor paga entre 3,5% e 7,5% ao mês na compra a crédito, dependendo do prazo de financiamento. As novas taxas que estão sendo estudadas pelas lojas e financeiras podem chegar a 8,5%.
A alta dos juros na compra de eletrodomésticos está diretamente ligada à crise financeira internacional. "Os juros cobrados das empresas dispararam em agosto", diz Dany Rappaport, economista do Banco Santander.
"Também ficou mais difícil levantar empréstimos porque há grande incerteza no mercado financeiro", diz o economista Antônio Madeira, da MCM Consultores.
O mercado financeiro está limitando os empréstimos ou aumentando os juros, com medo de que o governo seja forçado a subir as taxas para manter o país atraente aos olhos dos investidores estrangeiros, como fez em outubro do ano passado.
Para o comércio, a crise traz uma preocupação adicional: o risco de recessão. "Caso haja esfriamento maior da economia, a inadimplência deve voltar a subir. Por essa razão, o comércio não quer correr riscos e já sobe os juros, diz Denise de Pasqual, da consultoria Tendências.
Para empresas que podem levantar dinheiro no exterior, a crise trouxe outro perigo. Existe o receio de que o governo seja forçado a desvalorizar o real.
"Ainda neste ano vamos sofrer o impacto da crise internacional. Ou o governo aumenta as taxas de juros para diminuir os efeitos de um ataque contra o real ou desvaloriza o câmbio", diz o economista Claudio Contador, sócio-diretor da AMR Editora.



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