São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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Bancos pedem prêmio em títulos pós

da Reportagem Local

Ontem, pela terceira vez, o Banco Central brasileiro não vendeu todos os títulos que pagam juros pós-fixados que levou a mercado. Foram leiloados R$ 2 bilhões de LBCs, Letras do Banco Central, mas só R$ 340 milhões foram comprados.
Os bancos voltaram a pedir um prêmio para comprar esses papéis. Queriam, além das taxas de juros do dia-a-dia, o over, que o Banco Central paga, uma taxa extra. O BC não aceitou e vendeu só a parcela que conseguiu colocar sem prêmio.
Ontem, pela primeira vez nos leilões desses títulos que pagam juros pós-fixados, nenhum banco se dispôs a pagar ágio para ficar com os papéis.
O BC trouxe de volta esses papéis de juros pós-fixados no início da crise russa, em junho, pois, com eles, o governo assume todo o risco de uma alta de juros. Ou seja, se o governo tiver de elevar seus juros, os títulos terão seus rendimentos elevados na mesma proporção.
Mas os bancos estão com medo é de desvalorização cambial e estão comprando apenas os títulos do governo que pagam juros e correção cambial.
Por isso, o Banco Central está vendendo NBC-Es, esses papéis que tem correção cambial, todos os dias. Já colocou mais de R$ 3 bilhões desses papéis nesta e nas duas últimas semanas.
Ontem, vendeu mais R$ 500 milhões desses títulos, com vencimento em dezembro do ano que vem, a taxas de 15,47% ao ano, na máxima, e de 15,02% ao ano, na média.
As taxas são maiores do que as praticadas em leilão realizado ontem, de 11,79%, na máxima, e de 11,56%, na média.
O governo foi obrigado a aceitar pagar juros maiores nesses papéis por causa do aumento nos juros pagos pelos títulos da dívida externa renegociada no mercado internacional. Ontem, o IDU, que também não tem risco cambial, fechou o dia pagando juros de 19,70% ao ano.
Se o governo não elevar as taxas de seus títulos, os investidores vão comprar apenas títulos da dívida externa e, para isso, sair do país.
Com a saída de recursos, o dólar comercial se valorizou contra o real. Nos mercados futuros, as taxas de juros subiram e o dólar se valorizou.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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