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PETRÓLEO
Recursos a serem captados devem ser usados em 4 anos no maior programa de investimento do país
Petrobras quer investir US$ 20 bi
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
enviada especial ao Rio
A Petrobras está montando
uma série de sofisticadas operações financeiras para levantar recursos no exterior e investir cerca
de US$ 4 bilhões neste ano e mais
de US$ 20 bilhões em quatro
anos. Só no próximo ano, a previsão é de aplicar US$ 6 bilhões.
É o maior programa de investimentos de uma empresa no Brasil, seja privada ou estatal. É como
se a Petrobras fosse investir nos
quatro próximos anos duas vezes
o orçamento anual do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Um dos objetivos centrais desse
programa é aumentar a produção
de petróleo de forma que o país
seja auto-suficiente em 2003 ou
2004.
"Neste ano, nossa produção
média diária é de cerca de 1,13 milhão de barris ao dia. Nossa meta
é aumentar a produção para que
em 2003 seja de 1,75 milhão ao
dia, que é aproximadamente o
consumo atual", diz Henri Philipe
Reichstul, presidente da Petrobras. Atingir a auto-suficiência
em quatro ou cinco anos vai depender da evolução do consumo.
"O consumo de combustíveis
tem crescido sistematicamente
nos últimos anos, mesmo em
tempos de recessão. Em parte,
por causa da expansão da fronteira agrícola, mas também foram
feitos vários programas de compra de automóvel e houve fases de
controle de preços da gasolina",
afirma Reichstul.
Hoje, o país precisa importar
cerca de 600 mil barris diários de
petróleo e o debate sobre buscar a
auto-suficiência voltou a esquentar diante da recente tendência de
elevação dos preços do petróleo.
Reichstul acha que o preço do
barril vai se estabilizar em torno
de US$ 21.
Esse nível de preços seria um estímulo para a Petrobras continuar
investindo pesadamente na descoberta e extração porque o custo
do barril para a empresa é de US$
13 em média.
No país
A Petrobras ainda está fazendo
os cálculos de quantos empregos
diretos e indiretos serão criados
com os investimentos dos próximos anos. Mas já adotou critérios
para favorecer a produção e o emprego no mercado interno.
Uma das decisões foi, por exemplo, decidir que terão que ser contratados no Brasil entre 60% e
70% dos bens e serviços a serem
comprados com um financiamento que recebeu o sinal verde
do Eximbank japonês na semana
passada. O valor do empréstimo é
de US$ 800 milhões e tem a participação de bancos privados, principalmente do Japão, e do
BNDES. Os recursos serão usados
para desenvolver o campo de petróleo de Cabiúnas.
Essa operação faz parte de um
programa para levantar US$ 7,3
bilhões pelo sistema de "project
finance". Nessa modalidade de financiamento, a principal garantia
ao financiador é a renda a ser gerada pelo próprio projeto.
Outro tipo de negócio que está
sendo feito pela estatal é vender
plataformas em uso para investidores institucionais. A primeira
operação foi fechada em julho, levantando US$ 132 milhões para a
Petrobras, com a venda de uma
plataforma do campo de Marlim,
no Estado do Rio. Existe a intenção de vender mais seis.
Além de levantar mais recursos
para financiar os investimentos, a
Petrobras está procurando reduzir os custos financeiros, fazendo
operações de mais longo prazo e
juros menores.
Neste ano, essa maior ênfase na
captação de recursos de terceiros
já resultou em um aumento no total a ser investido, que deverá ultrapassar US$ 4 bilhões.
Com recursos do orçamento da
própria empresa, vão ser investidos cerca de R$ 2 bilhões. Contabilizando-se as operações financeiras, serão mais US$ 2 bilhões
ou US$ 2,5 bilhões neste ano.
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