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MEMÓRIA
Akio Morita, considerado ousado demais, revolucionou o capitalismo e anteviu o processo de globalização
Associated Press
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Akio Morita, que morreu ontem em Tóquio, com pneumonia |
Fundador da Sony morre aos 78 anos
das agências internacionais
Terminou ontem num leito de
hospital a saga de um dos maiores
nomes da história do capitalismo
mundial. Akio Morita, um dos
fundadores da multinacional japonesa Sony, um gigante do setor
eletrônico, morreu domingo, em
Tóquio, aos 78 anos, vítima de
pneumonia.
Líder empresarial admirado no
mundo todo, Morita foi um dos
principais responsáveis pelo desenvolvimento da economia japonesa no pós-guerra.
Fortemente influenciado por
suas idéias e pelos avanços da
Sony, o empresariado japonês
promoveu uma reviravolta na indústria nos anos 70 e 80. Nessa
época as fábricas japonesas deram um salto de qualidade, reduziram preços e passaram a inundar o mercado mundial com aparelhos eletrônicos e automóveis.
A Sony faturou cerca de US$ 60
bilhões no ano passado. É mais
conhecida pela produção de aparelhos eletrônicos, mas é uma potência também no ramo de entretenimento. Possui estúdios de cinema, gravadora de discos e tem
canais de televisão.
O empresário passou os últimos
anos de sua vida no Havaí, recuperando-se de uma hemorragia
cerebral que sofreu em 93, enquanto disputava uma partida de
tênis, um de seus esportes favoritos. Desde então, vinha acompanhando a Sony à distância.
Tinha retornado a Tóquio em
agosto, depois de uma recaída em
seu estado de saúde, e foi internado num hospital no mês passado.
Mais de 400 pessoas visitaram
ontem a casa da família Morita,
para prestar homenagem ao co-fundador da Sony. O primeiro-ministro japonês, Keizo Obuchi,
disse que "Morita foi uma figura
fundamental no desenvolvimento da economia japonesa".
O governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, que junto com Morita escreveu o livro "O Japão que
Sabe Dizer Não", disse que o empresário "tinha uma mente internacional que fez falta ao Japão no
passado".
Agressivo nos negócios, Morita
chegou a ser considerado ousado
demais pelo empresariado japonês, extremamente conservador.
Ele tinha uma vocação especial
para antecipar tendências e perceber problemas antes dos outros.
No final dos anos 80, Morita já
sugeria muitas das reformas que
agora estão sendo aplicadas pelo
governo para tirar o Japão de seu
pior desempenho econômico das
últimas décadas. Foi ele que
transformou a Sony numa das
primeiras corporações de alcance
mundial. Percebeu, antes dos outros, que as empresas que pudessem atuar além de suas fronteiras
teriam mais chances de crescer.
Filho de um importante destilador de saquê de Nagoya (Japão),
Morita foi preparado para assumir a empresa da família. Trocou
a segurança de um negócio estabelecido pela aventura de abrir
sua própria empresa.
Com US$ 500 no bolso e ajuda
do pai, abriu junto com um grupo
de amigos uma fábrica de panelas
para cozinhar arroz. Deu tudo errado, Morita e seus amigos mudaram de ramo e começaram a
construir o império da Sony.
Morita fez sua estréia no ramo
de produtos eletrônicos fabricando gravadores e fitas magnéticas.
A Sony fez os primeiros rádios e
televisores do Japão equipados
com transistores. Também foi
pioneiro na produção de videocassetes para uso doméstico.
Sua maior invenção foi o walkman. A idéia nasceu da observação de que as pessoas levavam rádios enormes para a praia e aos
parques. A Sony foi também a primeira companhia japonesa a negociar suas ações na Bolsa de Nova York, em 1970, e, dois anos
mais tarde, a primeira a construir
uma fábrica nos EUA.
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