São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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EM TRANSE

Em setembro, US$ 1 bi deixou o país, 42% menos do que o US$ 1,763 bi de agosto, segundo o Banco Central

Diminui a remessa de dólares ao exterior

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume de remessas de dólares para fora do país registrou recuo no mês passado, de acordo com dados do Banco Central. O total de recursos enviados para o exterior ficou em US$ 1 bilhão, valor 42% menor do que o US$ 1,763 bilhão de agosto.
As remessas feitas por meio das CC-5 (contas mantidas por empresas ou pessoas instaladas ou residentes no exterior) recuaram 15%, passando de US$ 1,633 bilhão para US$ 1,386 bilhão entre agosto e setembro. Os valores não se referem ao total de remessas feitas no período, e sim à diferença entre saídas e ingressos de dólares registrados pelo BC.
Também ajudou no melhor resultado do fluxo de capital externo os dólares vendidos pelos exportadores ao mercado no mês passado. Essas operações trouxeram US$ 5,416 bilhões ao país, com crescimento de 6% em relação a agosto.
Do lado das importações, porém, houve forte queda no mês passado: os importadores compraram US$ 2,658 bilhões para pagar por suas encomendas, valor 23% menor do que o registrado no mês anterior.
Combinadas, as operações de comércio exterior resultaram no ingresso (diferença entre exportações e importações) de US$ 2,759 bilhões no país, 67% mais do que em agosto. O valor não coincide com os números da balança comercial divulgados pelo governo porque o embarque das mercadorias e o fechamento dos contratos de câmbio ocorrem em datas diferentes.

Dívidas
Em relação às operações financeiras, ao contrário, ocorreu um ligeiro aumento nas saídas de dólares. Essas operações, segundo a classificação do BC, incluem transações como ingresso de investimentos estrangeiros, pagamento de parcelas da dívida externa e remessas de lucros e dividendos para fora do país.
No mês passado, essas transações foram responsáveis pela saída de US$ 2,386 bilhões do país, um aumento de 34% na comparação com agosto. Nos últimos meses, as remessas nas operações financeiras cresceram por causa das dificuldades que empresas brasileiras têm enfrentado para renovar suas dívidas contraídas no exterior.
Sem poder rolar os compromissos, muitas empresas tiveram que enviar dólares para fora do país para quitar suas dívidas, o que aumentou as remessas de recursos por meio dessas operações financeiras.

Nervosismo
A queda nas remessas de dólares para o exterior pode ser um sinal de que a alta do dólar ocorrida no mês passado não estava relacionada a um problema de fluxo de capital externo, e sim por causa do nervosismo dos investidores e da especulação em torno da rolagem de algumas parcelas da dívida cambial ocorrida na última semana de setembro.
Se, por um lado, observou-se queda na procura por dólares por parte das empresas, por outro os bancos aumentaram suas compras da moeda norte-americana. Em setembro, os bancos compraram US$ 960 milhões para suas carteiras. No mês anterior, as instituições financeiras haviam comprado apenas US$ 17 milhões no mercado.
Apesar da queda ocorrida no mês passado, o fluxo de recursos para fora do país continua elevado neste ano quando comparado com os números de 2001. Entre janeiro e setembro, as remessas líquidas de dólares para o exterior somaram US$ 8,291 bilhões, enquanto no mesmo período do ano passado o fluxo negativo foi de US$ 2,224 bilhões.
As remessas pelas CC-5, no mesmo período, passaram de US$ 4,113 bilhões para US$ 6,85 bilhões. A expectativa do BC é que esse número chegue a US$ 8,5 bilhões até dezembro. Ao longo de todo o ano de 2001, as saídas de dólares via CC-5 somaram US$ 6,1 bilhões.


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