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Bancos retomam compra de títulos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os C-Bonds já subiram 11% apenas nesta semana. O movimento foi acompanhado pela
queda de mais de 16% do risco-país no período. Mas isso não significa necessariamente que melhorou a visão do investidor estrangeiro em relação ao Brasil.
A alta dos C-Bonds -papéis da dívida pública brasileira mais negociados no mercado externo- pode estar ligada a uma tentativa de bancos e grandes fundos de investimento de amenizarem possíveis prejuízos resultantes da decisão do governo de recomprar títulos públicos.
Muitas instituições financeiras venderam papéis do governo brasileiro com a obrigação de entregá-los em uma data futura, apostando em sua desvalorização, segundo analistas ouvidos pela Folha. Com isso, a operação do BC as pegou no contrapé: se os títulos, como os C-Bonds, param de se desvalorizar, a especulação com eles pode resultar em grande prejuízo.
Se um banco ou fundo vendeu C-Bonds para outro investidor no mês passado, por exemplo, a US$ 0,50 com a obrigação de entregá-los ontem -acreditando que os
compraria no mercado por preços menores quando chegasse o vencimento-, encontrou os papéis sendo negociados no mercado a US$ 0,54 no fim da tarde.
Nesse tipo de operação, chamada de "a descoberto", os investidores vendem papéis apostando na sua desvalorização. Quando os preços estão em queda, abaixo do preço combinado de venda, eles recompram os papéis para entregá-los aos compradores, embolsando a diferença.
O próprio BC teria feito operações de compra para receber os papéis numa data futura. Isso estaria obrigando quem vendeu os papéis a correr para o mercado para tentar comprar títulos da dívida antes que subissem mais. Maior procura resulta em preços mais elevados.
"A intenção do BC com a recompra era diminuir o volume de títulos públicos disponíveis para negociação no mercado. Com isso, a tendência é os preços se recuperarem", diz Felipe Brandão, diretor de mercados emergentes da corretora López Léon.
O Banco Central anunciou em junho uma operação de recompra, de até US$ 3 bilhões, de papéis públicos que estão em circulação no mercado nternacional.
Analistas avaliam que a disseminação de avaliações de que o governo brasileiro poderia dar o calote em sua dívida em breve pode ter como pano de fundo o interesse de instituições financeiras que querem evitar grandes perdas. Quanto mais forte é a percepção de que o governo pode dar o calote, mais caem os preços dos títulos públicos.
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