São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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Gros nega que possa deixar Petrobras agora

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Um ataque de loucura da jornalista." Foi essa a resposta do presidente da Petrobras, Francisco Gros, para o ministro Pedro Parente (Casa Civil) sobre as declarações de que poderia deixar o cargo devido a uso político da empresa.
"Ainda bem. Eu achei que você é que tivesse tido um ataque de loucura", respondeu Parente, segundo versão de seus assessores. Parente telefonou para Gros na quarta à noite, depois que as declarações atribuídas ao presidente da Petrobras saíram na internet.
Reportagem publicada anteontem pelo "The Globe and Mail", do Canadá, informava que Gros poderia deixar o cargo já no próximo domingo, caso fosse eleito em primeiro turno para a Presidência da República um candidato da oposição.
Na versão que Gros contou a Parente, segundo apurou a Folha, ele havia dito só genericamente que havia "o risco de uso político no discurso de alguns candidatos", mas não citara quais. Alegou para Parente, em sua defesa, que a versão do "The Globe and Mail" era diferente da de outros jornais.
Ontem o porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, disse que Gros telefonou para FHC para negar que tenha a intenção de deixar o cargo antes do final do governo.
Recentemente, Gros -que tem relações com Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT)- teve atritos com os candidatos José Serra (PSDB), que criticou o excesso de autonomia da Petrobras e os aumentos da gasolina em ano eleitoral, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em seu programa eleitoral na TV condenou contratos da empresa no exterior.

Fins políticos
Anteontem, em Nova York, o presidente da Petrobras criticou indiretamente um governo de oposição, ressaltando o impacto negativo de que a empresa possa vir a ser usada para perseguir políticas macroeconômicas. Segundo ele, tem-se hoje um bom desempenho na geração de fluxo de caixa.
"Mas, se você ler a imprensa, há algumas indicações de que essa política poderá mudar no futuro", afirmou. "Se o novo governo decidir usar a Petrobras para perseguir políticas públicas, a empresa poderá observar uma redução na geração de fluxo de caixa, o que se traduziria numa redução do programa de investimentos."

Preços
Gros também disse que o preço dos combustíveis no Brasil nos próximos meses estará diretamente ligado ao câmbio e aos preços do petróleo e dos derivados.
"Se os preços do petróleo e derivados permanecerem neste nível atual, vai ser muito difícil para o novo governo repassar todos os aumentos de preços que vêm ocorrendo", afirmou Gros, que estava na cidade para participar de palestra a convite do Conselho das Américas, em Manhattan.


Colaborou Sérgio Dávila, de Nova York

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