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Gros nega que possa deixar Petrobras agora
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Um ataque de loucura da jornalista." Foi essa a resposta do
presidente da Petrobras, Francisco Gros, para o ministro Pedro
Parente (Casa Civil) sobre as declarações de que poderia deixar o
cargo devido a uso político da empresa.
"Ainda bem. Eu achei que você
é que tivesse tido um ataque de
loucura", respondeu Parente, segundo versão de seus assessores.
Parente telefonou para Gros na
quarta à noite, depois que as declarações atribuídas ao presidente
da Petrobras saíram na internet.
Reportagem publicada anteontem pelo "The Globe and Mail",
do Canadá, informava que Gros
poderia deixar o cargo já no próximo domingo, caso fosse eleito
em primeiro turno para a Presidência da República um candidato da oposição.
Na versão que Gros contou a
Parente, segundo apurou a Folha,
ele havia dito só genericamente
que havia "o risco de uso político
no discurso de alguns candidatos", mas não citara quais. Alegou
para Parente, em sua defesa, que a
versão do "The Globe and Mail"
era diferente da de outros jornais.
Ontem o porta-voz do Planalto,
Alexandre Parola, disse que Gros
telefonou para FHC para negar
que tenha a intenção de deixar o
cargo antes do final do governo.
Recentemente, Gros -que tem
relações com Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT)- teve atritos com os
candidatos José Serra (PSDB),
que criticou o excesso de autonomia da Petrobras e os aumentos
da gasolina em ano eleitoral, e
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
em seu programa eleitoral na TV
condenou contratos da empresa
no exterior.
Fins políticos
Anteontem, em Nova York, o
presidente da Petrobras criticou
indiretamente um governo de
oposição, ressaltando o impacto
negativo de que a empresa possa
vir a ser usada para perseguir políticas macroeconômicas. Segundo ele, tem-se hoje um bom desempenho na geração de fluxo de
caixa.
"Mas, se você ler a imprensa, há
algumas indicações de que essa
política poderá mudar no futuro",
afirmou. "Se o novo governo decidir usar a Petrobras para perseguir políticas públicas, a empresa
poderá observar uma redução na
geração de fluxo de caixa, o que se
traduziria numa redução do programa de investimentos."
Preços
Gros também disse que o preço
dos combustíveis no Brasil nos
próximos meses estará diretamente ligado ao câmbio e aos preços do petróleo e dos derivados.
"Se os preços do petróleo e derivados permanecerem neste nível
atual, vai ser muito difícil para o
novo governo repassar todos os
aumentos de preços que vêm
ocorrendo", afirmou Gros, que
estava na cidade para participar
de palestra a convite do Conselho
das Américas, em Manhattan.
Colaborou Sérgio Dávila, de Nova York
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