São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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FRAUDES DO CAPITAL

Goldman Sachs teria oferecido ações para diretores de grandes empresas em condições especiais

Banco é acusado de privilegiar clientes

DA REDAÇÃO

O Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos dos EUA, está sendo acusado de ter oferecido ações para diretores de pelo menos 20 grandes empresas em condições privilegiadas. As vendas ocorreram em processo de lançamento de ações na Bolsa, as IPOs (ofertas iniciais de ações ao público, na sigla em inglês), coordenadas pelo banco.
Segundo a Comissão de Finanças da Câmara norte-americana, os acordos oferecidos pelo Goldman Sachs resultaram em grandes lucros para os executivos que compraram as ações. Esses executivos eram diretores de empresas clientes do banco, como a eBay e o Yahoo. Os diretores dessas grandes empresas teriam recebido ofertas em pelo menos cem IPOs organizadas pelo Goldman.
De acordo com os congressistas, outros dois bancos teriam mantido esquemas semelhantes para beneficiar seus clientes, o Crédit Suisse First Boston e o Salomon Smith Barney -divisão de investimentos do Citigroup. A prática é chamada de "spinning" no jargão de Wall Street.
"Convoco todas as empresas de Wall Street a mostrar respeito aos investidores norte-americanos, reformando essas práticas corruptas imediatamente", disse o deputado republicano Michael Oxley, presidente da comissão de Finanças da Câmara.
O Goldman Sachs negou as acusações feitas pelos congressistas.
"A sugestão de que o Goldman Sachs esteve envolvido em "spinning" ou em alguma outra prática inapropriada em IPOs é absolutamente falsa", afirmou Lucas Van Praag, porta-voz do banco. "Também não é correto afirmar que clientes do banco tenham recebido tratamento privilegiando ou tenham sido recompensados com a oferta de ações."
A comissão da Câmara que investiga as fraudes contábeis deu menos detalhes sobre as operações do CSFB e do Salomon Smith Barney. Mas, de acordo com os congressistas, há evidências de que os bancos ofereceram novas ações para importantes clientes.
Ambos os bancos informaram que estão trabalhando com as autoridades norte-americanas para reformular suas atividades e recuperar a credibilidade das instituições financeiras de Wall Street.

Renúncia
A executiva Martha Stewart, editora norte-americana suspeita de ter se beneficiado de informações privilegiadas, renunciou ontem a seu cargo no conselho da Bolsa de Nova York. A demissão ocorre depois de apenas quatro meses de sua nomeação. Martha, dona de uma editora de revistas de casa e decoração, teria infringido leis federais ao vender ações.


Com agências internacionais


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