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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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EXPANSÃO

Para Palocci, sair da crise sem economia encolher é a "notícia do ano"

Governo celebra até o PIB não cair

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou ontem que a "grande notícia do ano" não será o tamanho do PIB (Produto Interno Bruto), mas o Brasil sair da crise sem a economia encolher.
"Se o Brasil sair da crise sem perda do PIB, é a grande notícia do ano. Não foi assim em países que, em maior ou menor proporção, passaram por crises semelhantes à nossa. Não foi assim na Malásia, no México, na Argentina, na Indonésia. Houve país [a Argentina] que perdeu 13% do PIB", disse Palocci, ao comentar os números do relatório de inflação do Banco Central, divulgado esta semana.
No documento, o BC rebaixou de 1,5% para 0,6% a previsão de crescimento de PIB em 2003. "O mais importante é ver o que está na nossa frente. É crise? Não. É crescimento", completou.
Palocci participou, como convidado, da reunião mensal do conselho da Amcham, a Câmara Americana de Comércio, em São Paulo. Estiveram com o ministro 65 representantes de empresas nacionais e estrangeiras.
De acordo com o ministro, o período em que o governo "se obrigava a fazer política restritiva para controlar a inflação está desaparecendo". "Foi nesse sentido que o presidente Lula falou [anteontem] que acabaram-se as vacas magras, em que o próprio governo restringe o processo (de crescimento)", disse. Aludiu ainda que os juros reais (taxa nominal descontada a inflação) estão nos meses níveis de 2000, "quando o país obteve seis trimestres seguidos de crescimento".
Palocci afirmou que um eventual acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) teria caráter preventivo e teria que ser negociado até o final deste mês. Agregou que uma das prioridades do governo a médio prazo será obter reservas cambiais líquidas no mesmo nível das reservas brutas atuais (que incluem os recursos colocados à disposição do governo pelo FMI).
O ministro disse discordar da premissa de uma série de economistas que sustentam que, passado 2004 quando de fato há espaço para crescimento de 3%, a economia emperraria nos anos seguintes por conta de gargalos em alguns setores. "Não posso aceitar isso. O compromisso que temos no governo é de buscar crescimento. Não vamos nos conformar com crescimento de 3%".
Palocci sustentou que o governo não irá renovar o programa emergencial que estabeleceu, no início de agosto, uma redução de até três pontos percentuais no IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para veículos de até 2.000 cilindradas. O acordo tem validade até 30 de novembro.
Embora não admitam em público as montadoras iniciaram lobby pela manutenção da redução. Alegam que ao final do acordo não seria mais possível obter números como o de setembro, quando foram comercializados 118,3 mil carros no mercado interno (o melhor nível do ano).


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