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ANO DO DRAGÃO
Taxa do mês passado ficou acima do esperado devido aos reajustes de tarifas e à entressafra das carnes
Fipe vê repique passageiro da inflação em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação voltou a subir em setembro em São Paulo e ficou acima das previsões iniciais para o
mês. Pesquisa de preços da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) mostrou que a taxa
do mês passado subiu para 0,84%,
acima do 0,63% de agosto. As previsões iniciais da Fipe indicavam
uma inflação de 0,60%.
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa nova aceleração não significa um descolamento da taxa, como ocorreu no
mesmo período do ano passado.
Segundo o economista, dois fatores são responsáveis por essa alta: o adiamento dos reajustes de
algumas das tarifas, como água e
esgoto, e a antecipação da entressafra das carnes.
Essa elevação da taxa não pode
ser projetada para os próximos
meses. São efeitos passageiros e
com os dias contados, na avaliação do economista da Fipe.
"Não dá para extrapolar. A inflação volta para 0,60% neste mês
e para 0,20% ao mês no último bimestre do ano", diz Heron.
Carnes vão pressionar
A taxa deste mês já sai com pelo
menos 0,30% proveniente das tarifas de água e de táxi. Além disso,
os paulistanos vão pagar mais pelas carnes. A bovina, que tradicionalmente sobe neste período do
ano, deverá ter pressão menor
porque já antecipou as altas. A arroba já está sendo negociada a R$
60 desde 16 de setembro.
Já as carnes suína e de frango
preocupam, segundo Heron. É
hora de o mercado fazer estoques
de carne suína para o final de ano,
e a oferta do produto é restrita. O
mesmo ocorre com os preços do
frango, que estão sendo reajustados nas granjas paulistas, após
muitos meses de estabilidade.
Nos últimos 30 dias, o preço do
frango subiu 35%, e parte dessa
alta deverá ainda ser repassada
para os consumidores.
A inflação sobe, ainda, porque
tinha caído muito no final do primeiro semestre e início do segundo. As empresas aumentaram
muito as margens de ganho no final do ano passado -porque não
sabiam ainda qual seria a política
econômica do novo governo.
No primeiro semestre do ano,
voltaram a reduzir as margens e
agora fazem pequenos acertos para o final de ano, segundo o economista da Fipe.
Dos sete grupos de preços
acompanhados pela Fipe, apenas
um teve evolução menor na taxa
de aumento no mês passado: habitação. A queda na taxa ocorreu
devido à pressão menor das tarifas. Entre os itens que mais subiram estiveram os alimentos, que
ficaram 0,96% mais caros -a
maior taxa desde o 1,15% de março deste ano.
Menos de 8% no ano
Com a alta de setembro, a inflação acumulada neste ano vai a
6,76%, acumulando 13,02% em 12
meses. Heron diz, no entanto, que
essa taxa em 12 meses deve cair
rapidamente até o final do ano
porque serão retiradas do índice
as altas taxas registradas no último trimestre de 2002 (1,28% em
outubro, 2,65% em novembro e
1,83% em dezembro).
Pelos cálculos do economista da
Fipe, a inflação deste ano fica um
pouco abaixo de 8% e já deverá
estar em 5% no acumulado de 12
meses em março do próximo ano.
"Ficará difícil o Banco Central
manter os juros tão elevados",
afirma o economista.
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