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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Taxa do mês passado ficou acima do esperado devido aos reajustes de tarifas e à entressafra das carnes

Fipe vê repique passageiro da inflação em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação voltou a subir em setembro em São Paulo e ficou acima das previsões iniciais para o mês. Pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostrou que a taxa do mês passado subiu para 0,84%, acima do 0,63% de agosto. As previsões iniciais da Fipe indicavam uma inflação de 0,60%.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa nova aceleração não significa um descolamento da taxa, como ocorreu no mesmo período do ano passado.
Segundo o economista, dois fatores são responsáveis por essa alta: o adiamento dos reajustes de algumas das tarifas, como água e esgoto, e a antecipação da entressafra das carnes.
Essa elevação da taxa não pode ser projetada para os próximos meses. São efeitos passageiros e com os dias contados, na avaliação do economista da Fipe.
"Não dá para extrapolar. A inflação volta para 0,60% neste mês e para 0,20% ao mês no último bimestre do ano", diz Heron.

Carnes vão pressionar
A taxa deste mês já sai com pelo menos 0,30% proveniente das tarifas de água e de táxi. Além disso, os paulistanos vão pagar mais pelas carnes. A bovina, que tradicionalmente sobe neste período do ano, deverá ter pressão menor porque já antecipou as altas. A arroba já está sendo negociada a R$ 60 desde 16 de setembro.
Já as carnes suína e de frango preocupam, segundo Heron. É hora de o mercado fazer estoques de carne suína para o final de ano, e a oferta do produto é restrita. O mesmo ocorre com os preços do frango, que estão sendo reajustados nas granjas paulistas, após muitos meses de estabilidade. Nos últimos 30 dias, o preço do frango subiu 35%, e parte dessa alta deverá ainda ser repassada para os consumidores.
A inflação sobe, ainda, porque tinha caído muito no final do primeiro semestre e início do segundo. As empresas aumentaram muito as margens de ganho no final do ano passado -porque não sabiam ainda qual seria a política econômica do novo governo.
No primeiro semestre do ano, voltaram a reduzir as margens e agora fazem pequenos acertos para o final de ano, segundo o economista da Fipe.
Dos sete grupos de preços acompanhados pela Fipe, apenas um teve evolução menor na taxa de aumento no mês passado: habitação. A queda na taxa ocorreu devido à pressão menor das tarifas. Entre os itens que mais subiram estiveram os alimentos, que ficaram 0,96% mais caros -a maior taxa desde o 1,15% de março deste ano.

Menos de 8% no ano
Com a alta de setembro, a inflação acumulada neste ano vai a 6,76%, acumulando 13,02% em 12 meses. Heron diz, no entanto, que essa taxa em 12 meses deve cair rapidamente até o final do ano porque serão retiradas do índice as altas taxas registradas no último trimestre de 2002 (1,28% em outubro, 2,65% em novembro e 1,83% em dezembro).
Pelos cálculos do economista da Fipe, a inflação deste ano fica um pouco abaixo de 8% e já deverá estar em 5% no acumulado de 12 meses em março do próximo ano. "Ficará difícil o Banco Central manter os juros tão elevados", afirma o economista.


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