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Ribeirão Preto tem 10ª morte de bóia-fria
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Pastoral do Migrante de Guariba registrou a décima morte de
bóias-frias nos canaviais da região
de Ribeirão Preto desde o ano
passado. A última vítima, um migrante alagoano, morreu em um
canavial de Itápolis no dia 16. Como nos outros casos, a suspeita é
que a morte tenha sido causada
por excesso de trabalho.
O caso foi notificado na última
semana à Pastoral, que investiga a
situação, considerada próxima do
trabalho escravo, com organismos como a ONU (Organização
das Nações Unidas) e o Ministério
Público Federal de São Paulo. Hoje, haverá uma audiência pública
na USP de Ribeirão.
Após trabalhar o dia todo no
corte da cana, o migrante alagoano Domício Diniz, 55, passou mal
ao entrar no ônibus. Chegou a ser
socorrido, mas morreu.
"Não posso afirmar que foi o excesso de trabalho, mas tudo indica que sim. Ele cortava em média
12 toneladas de cana por dia", disse Avelino Antonio da Cunha,
presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Itápolis. "É
mais um caso que não pode ficar
sem apuração", afirmou Jadir Ribeiro, da Pastoral.
Um estudo da USP mostra que,
para cortar dez toneladas de cana,
um trabalhador rural precisa desferir 9.700 golpes de podão. Os
trabalhadores rurais hoje cortam,
em média, 12 toneladas de cana
por dia, 50% a mais que a média
da década de 1980, que era de oito
toneladas diárias.
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