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CONTAS NACIONAIS
Instituto diz que novas fontes para cálculo, que serão usadas em 2006, medirão melhor "economia subterrânea"
IBGE espera que novo PIB capte informalidade
Tuca Vieira - 19.mai.05/Folha Imagem
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Camelôs no largo 13 de Maio, centro de comércio informal de SP |
PEDRO SOARES
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Ao mudar a base de cálculo do
PIB (Produto Interno Bruto), o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) espera captar
melhor os movimentos da economia informal, responsável atualmente por 12% dos bens e serviços produzidos no país. O instituto anunciou também que usará o
IRPJ (Imposto de Renda Pessoa
Jurídica) para auxiliar a medição.
De acordo com Roberto Olinto,
coordenador das Contas Nacionais do IBGE, novas fontes de informação permitirão mensurar
melhor a "economia subterrânea", cujos dados são subdeclarados (por empresas que informam
receitas menores em pesquisas de
comércio e indústria, por exemplo), não registrados ou até mesmo provenientes de atividades
ilegais (tráfico de drogas e outras).
Uma dessas ferramentas será o
IRPJ, que trará informações de
firmas com menos de cinco funcionários. Essas companhias estão fora das pesquisas anuais de
indústria, comércio, serviços e
construção civil, feitas a partir de
meados dos anos 1990 e que servirão de novo "marco estrutural"
para fixar as novas ponderações
de cada setor no PIB.
Mesmo registrada na Receita
Federal, uma firma pode ser informal. Basta não ter uma contabilidade separada da família do
proprietário, o que ocorre, em geral, com as pequenas empresas
com até cinco empregados.
Outro levantamento que possibilitará "um maior detalhamento" da economia "subterrânea",
diz Olinto, é Pesquisa de Economia Informal Urbana, realizada
pelo IBGE em 2003 e que também
integrará a nova base do PIB. Ele
diz, porém, que ainda não é possível saber qual o impacto das mudanças no PIB.
Atualmente, o IBGE capta a economia informal indiretamente
por meio da renda e do emprego
declarados na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) por trabalhadores informais
e por conta própria. Essa fonte de
informação será mantida, mas
complementada com as novas
que estarão disponíveis para
mensurar a economia informal.
Com a mudança da base de cálculo, muitas informações hoje estimadas ou por meio do consumo
ou da renda passarão a ter sua
produção efetivamente contabilizada. É o caso da economia informal e da construção civil, medida
hoje pelo consumo de insumos típicos do setor, como o cimento.
Outra novidade é que a Cofins
passará a ser considerada um imposto sobre a produção, o que deve elevar o valor do PIB -hoje, só
o ICMS e o ISS são mensurados.
O IBGE introduzirá as mudanças a partir de 2006, mas terá dados atualizados do PIB sob a nova
metodologia desde 1990. O ano de
referência para a nova série histórica do PIB será o de 2000.
Apesar das mudanças, Olinto
afirmou que o objetivo é manter,
sempre que possível, a mesma variação percentual do PIB como
um todo, reponderando e reagrupando apenas os crescimentos
dos diferentes setores.
Mas a alteração que possivelmente terá mais impacto é a criação de um indicador para medir o
PIB da administração pública em
todas as suas esferas de governo.
Com peso de 16% atualmente, o
PIB do setor será definido pelo
conjunto de gastos do governo,
inclusive com pessoal. Hoje, a variação acompanha somente o
crescimento da população, que se
mantém praticamente estável nos
últimos anos -na casa de 1,2%.
"Nesse caso, haverá um aumento
do PIB", disse Olinto. O IBGE
também irá apurar melhor a produção do sistema financeiro, hoje
estimada usando a variação média do PIB. Haverá um indicador
específico, considerando ativos e
passivos de bancos, seguradoras e
outras firmas do setor.
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