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Final de ano ajudará pouco, diz indústria
CNI prevê crescimento apenas moderado nos próximos meses e culpa concorrência dos importados e efeito tardio da queda do juro
Para o setor, aumento do consumo com o Natal será suprido principalmente com itens chineses; em agosto, vendas voltaram a ter queda
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atividade industrial vai
crescer moderadamente até o
fim do ano, o que não garante
aumento de faturamento, segundo informe divulgado ontem pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria). Isso
por causa da demora do governo em começar a reduzir a taxa
básica de juros e porque a valorização do real tem prejudicado
as vendas das empresas que exportam, de acordo com a avaliação da entidade.
Os economistas da CNI prevêem que o habitual aumento
do consumo de fim de ano será
suprido principalmente por
importações; portanto, a demanda não deve produzir impacto relevante na produção
nacional.
Em agosto, as vendas da indústria recuaram 1,13% em
comparação com julho; no ano
caíram 0,08%. A taxa média do
câmbio em agosto foi de R$ 2,16
ante R$ 2,19 em julho e R$ 2,25
em junho. Na comparação entre as médias de janeiro a agosto de 2006 e 2005, o real se valorizou 14%.
De acordo com o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo
Branco, como cerca de 25% do
faturamento das empresas se
refere a lucros obtidos com exportação e as vendas estão sendo menos remuneradas por
causa do dólar fraco, o faturamento tem sido afetado, apesar
da manutenção da produção.
As horas trabalhadas no mês
passado tiveram aumento de
0,11%, ou seja, mantiveram-se
praticamente estáveis em relação a julho. Mas no ano, as horas trabalhadas subiram 1,05%.
Na avaliação da CNI, a geração
de emprego tem surpreendido,
pois tem crescido, ainda que
modestamente, desde dezembro do ano passado. Em agosto,
o indicador da CNI que mede o
emprego cresceu 0,21% com
relação a julho e 2,28% na comparação com agosto de 2005.
Na média dos oito primeiros
meses, o emprego cresceu
1,60%.
Segundo Castelo Branco, o
desempenho da indústria poderia estar melhor se o governo
tivesse decidido iniciar antes a
trajetória de redução da taxa de
juros -que começou em setembro do ano passado- e se a
redução tivesse ocorrido em
um ritmo mais acelerado.
"Os juros poderiam ter caído
mais e a inflação não precisava
ter ficado abaixo da meta. O resultado disso foi o sacrifício do
crescimento econômico", disse. Na semana passada, a CNI
baixou de 3,7% para 2,9% a projeção de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
O Banco Central aposta em
crescimento de 3,5%.
O BC espera um crescimento
de 4,2% no consumo doméstico
neste ano, impulsionado sobretudo pela alta do consumo das
classes mais populares, resultado do aumento do salário mínimo -que reajusta também benefícios do INSS-, de programas sociais como o Bolsa Família e do crédito consignado.
"Com certeza vai haver um
aumento da parcela dos produtos importados nas prateleiras
neste fim de ano. As importações neste ano devem crescer
16,5% e devem responder por
boa parte do aumento do consumo das famílias", disse Paulo
Mol, economista da CNI. Neste
ano, as importações já subiram
24%. As compras de bens de
consumo importados cresceram 42% no ano e 55% somente em setembro.
Produtos "populares"
De acordo com o presidente
da Associação Brasileira dos
Importadores de Produtos Populares, Gustavo Dedivits, o
câmbio tem impulsionado a
importação de produtos populares. "No ano passado importamos 120 milhões de produtos
e neste ano esperamos importar 200 milhões", disse. Segundo ele, 80% dos produtos são
comprados da China.
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