São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2000

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TRABALHO
Média de empregadores em bairro rico é mais do que o dobro da cidade
Nas áreas nobres, 13,4% dos ocupados são patrões

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de concentrarem menos desempregados, os bairros mais ricos de São Paulo abrigam mais do que o dobro da média de patrões existentes no país. Na região Sudoeste 1, 13,4% das pessoas com emprego são empregadores. A média na cidade é de 6,4%. No país, 5%, segundo a Pnad (IBGE). Na região onde há menos patrões, a Sul 1, a taxa não passa de 2,8%.
As disparidades em relação ao grau de escolaridade dos trabalhadores ocupados também são muito grandes.
Na periferia, 47,2% dos ocupados possuem apenas o primeiro grau completo, contra 28,8% nas áreas estruturadas.
Entre os trabalhadores com curso superior completo, a periferia fica com quase metade da média da cidade, 8,8%. Os piores índices estão nos bairros de Parelheiros e Capela do Socorro, onde apenas 2,8% concluíram a faculdade. Nos Jardins e demais bairros da região Sudoeste 1, quase a metade dos trabalhadores (49,3%) têm curso superior.
Ao analisar também o perfil do emprego por setor, o estudo do Desep mostra que o de serviços é o principal empregador da cidade, respondendo por 59,7% do emprego total -sendo 66,1% nas áreas estruturadas e 55,7% nas periféricas.
A natureza dos serviços prestados pelos moradores das duas regiões, porém, não poderia ser mais diferente.
Os serviços mais "nobres" (produtivos e de utilidade pública) estão concentrados nas áreas estruturadas, principalmente nas Sudoeste 1 e 2 e Norte 1. Os serviços prestados pelos moradores da periferia costumam ser de ordem pessoal, como domésticos e de reparação.
Embora o setor de serviços seja o mais importante, a indústria ainda é a grande empregadora, responsável por 18,2% do emprego total da cidade. Na periferia, o número é ainda maior: 20,2%.
"O processo de desindustrialização que vem acontecendo na cidade é muito ruim para a periferia, onde o emprego industrial é um dos únicos empregos de qualidade e com carteira assinada", afirma o economista André Gambier Campos, um dos responsáveis pelo estudo.
A baixa presença do poder público nas regiões periféricas fica evidente na análise dos níveis de funcionários públicos existentes nas duas áreas. Nas mais nobres, 10,1% dos ocupados trabalham no setor público. Na periferia, apenas 7,4%.
"A expansão dos serviços sociais básicos -como saúde, educação e saneamento- na periferia pode ter papel muito importante na geração de empregos, atacando dois problemas de uma só vez", diz Campos.
(MARIANA BARBOSA)



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