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TRABALHO
Média de empregadores em bairro rico é mais do que o dobro da cidade
Nas áreas nobres, 13,4%
dos ocupados são patrões
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de concentrarem menos
desempregados, os bairros mais
ricos de São Paulo abrigam mais
do que o dobro da média de patrões existentes no país. Na região
Sudoeste 1, 13,4% das pessoas
com emprego são empregadores.
A média na cidade é de 6,4%. No
país, 5%, segundo a Pnad (IBGE).
Na região onde há menos patrões,
a Sul 1, a taxa não passa de 2,8%.
As disparidades em relação ao
grau de escolaridade dos trabalhadores ocupados também são
muito grandes.
Na periferia, 47,2% dos ocupados possuem apenas o primeiro
grau completo, contra 28,8% nas
áreas estruturadas.
Entre os trabalhadores com curso superior completo, a periferia
fica com quase metade da média
da cidade, 8,8%. Os piores índices
estão nos bairros de Parelheiros e
Capela do Socorro, onde apenas
2,8% concluíram a faculdade. Nos
Jardins e demais bairros da região
Sudoeste 1, quase a metade dos
trabalhadores (49,3%) têm curso
superior.
Ao analisar também o perfil do
emprego por setor, o estudo do
Desep mostra que o de serviços é
o principal empregador da cidade, respondendo por 59,7% do
emprego total -sendo 66,1% nas
áreas estruturadas e 55,7% nas
periféricas.
A natureza dos serviços prestados pelos moradores das duas regiões, porém, não poderia ser
mais diferente.
Os serviços mais "nobres" (produtivos e de utilidade pública) estão concentrados nas áreas estruturadas, principalmente nas Sudoeste 1 e 2 e Norte 1. Os serviços
prestados pelos moradores da periferia costumam ser de ordem
pessoal, como domésticos e de reparação.
Embora o setor de serviços seja
o mais importante, a indústria
ainda é a grande empregadora,
responsável por 18,2% do emprego total da cidade. Na periferia, o
número é ainda maior: 20,2%.
"O processo de desindustrialização que vem acontecendo na cidade é muito ruim para a periferia, onde o emprego industrial é
um dos únicos empregos de qualidade e com carteira assinada",
afirma o economista André Gambier Campos, um dos responsáveis pelo estudo.
A baixa presença do poder público nas regiões periféricas fica
evidente na análise dos níveis de
funcionários públicos existentes
nas duas áreas. Nas mais nobres,
10,1% dos ocupados trabalham
no setor público. Na periferia,
apenas 7,4%.
"A expansão dos serviços sociais básicos -como saúde, educação e saneamento- na periferia pode ter papel muito importante na geração de empregos,
atacando dois problemas de uma
só vez", diz Campos.
(MARIANA BARBOSA)
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