São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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FOLHAINVEST

FINANÇAS

Eleições legislativas norte-americanas e reunião do Fed, para definir as taxas de juros, podem agitar os mercados

EUA concentram atenção de investidores

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da sacudida que devolveu os mercados para patamares mais confortáveis, analistas se dividem: para alguns ainda há espaço para melhora nos ativos financeiros; para outros, notícias dos Estados Unidos se encarregarão de, ao menos temporariamente, amainar a bonança.
Amanhã, haverá eleições legislativas nos EUA, um dia antes de o Fomc (o comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos EUA) se reunir para estabelecer a taxa básica de juros.
O clima de lua-de-mel que se instalou no mercado financeiro doméstico derrubou, na sexta-feira passada, o dólar para R$ 3,60 e impulsionou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) para 10.140 pontos (alta acumulada de 21,14% nos últimos 12 pregões).
O risco-país, medido pelo JP Morgan, recuou para 1.600 pontos e os C-Bonds, títulos da dívida pública brasileira, continuaram a subir e foram cotados a 59,68 centavos de dólar.
"Ainda há gordura para queimar. O risco-país ainda está muito alto para o Brasil", diz o economista chefe do BBV Banco, Octavio de Barros.
"Esse namoro vai até a definição da capacidade do novo governo em desarmar expectativas mais negativas", diz.
Não tem sido fácil para analistas explicar a guinada no ânimo dos investidores. "O mercado ganha confiança no novo governo. Além disso, há a dimensão estética, bonita, da transição democrática", afirma Barros.
O mercado acionário norte-americano tem resistido à pressão gerada por fracos indicadores econômicos. Para uma parcela de analistas, porém, a trajetória de ganhos excepcionais em outubro, pode ser interrompida.
No mês passado, Dow Jones subiu 10,60% e a Nasdaq (Bolsa eletrônica de ações de alta tecnologia) acumulou alta de 13,47%.

Juros nos EUA
Pesquisas com economistas norte-americanos, realizadas na semana passada, apontavam expectativa de corte nos juros, que estão hoje no baixo patamar de 1,75% ao ano.
Na sexta-feira à noite, porém, segundo sondagem da Bloomberg com 150 bancos, para 59% deles os juros serão mantidos; 31% afirmam esperar queda da taxa para 1,5%; e para 10% dos entrevistados a taxa de juros irá para 1,25%.
Salários reais em queda, desemprego em alta, dólar mais desvalorizado e aumento do déficit justificariam o corte na taxa.
"Há mais de quatro meses, os Estados Unidos já deveriam ter baixado os juros porque a economia já perdeu ritmo", diz o consultor financeiro Walter Mundell.

Impacto em Wall Street
Os reflexos de eventual redução dos juros no mercado de ações são incertos, segundo analistas. Mas alguns deles dizem que investidores podem reagir mal se entenderem que a decisão do Fed significa que a economia não está se recuperando.
As eleições também podem repercutir no mercado acionário. Uma parcela de analistas diz que, se os republicanos (do presidente George W. Bush) mantiverem o controle da Câmara e retomarem o do Senado, os setores financeiro, de saúde, tecnologia e energia seriam beneficiados.

Inflação
A inflação continua a preocupar. Amanhã, sai o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) de outubro. Projeções de bancos oscilam de 0,90% a 1,1%, acima da taxa de setembro (0,76%), em razão da alta dos alimentos.



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