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Brasileiros rebatem as críticas ao trabalho infantil
do enviado especial a Seattle
e da Sucursal de Brasília
O chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia disse ontem que a
menção ao Brasil como um dos
países em que há trabalho infantil
"é uma confirmação de que os
Estados Unidos podem vir a criar
sanções comerciais" contra países em que o problema existe.
Na véspera, o presidente norte-americano Bill Clinton citara a
existência de trabalho infantil na
indústria calçadista brasileira, em
discurso durante a ratificação,
pelos EUA, do convênio internacional que bane as piores formas
de trabalho infantil.
Lampreia reconhece que o problema existe no Brasil, mas que o
país está procurando resolvê-lo.
"Nos últimos quatro anos, houve uma redução substancial do
trabalho infantil, graças a diferentes programas", diz.
Mas o ministro acha que as declarações de Clinton devem ser
postas no contexto das tentativas
norte-americanas de incluir em
acordos comerciais globais o respeito a padrões trabalhistas fundamentais. O veto ao trabalho infantil é um desses padrões.
Ao contrário de Lampreia, o
embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, chegou a ver como elogio, e não crítica, a menção de Clinton.
Para o embaixador, o elogio está contido no fato de o presidente
ter mencionado a busca de "soluções criativas" para tirar as crianças do trabalho.
Já o ministro da Agricultura,
Marcus Vinicius Pratini de Moraes, preferiu tentar explicar o
contexto do trabalho infantil.
Para o ministro, Clinton deveria estar se referindo aos "ateliês"
que funcionam em geral em casas
de famílias. Essas recebem couro
curtido e o cortam para transformar em calçados.
Nesse trabalho, crianças são
utilizadas pela própria família para determinadas partes da confecção, como tirar os ilhós.
"Isso existe no Brasil, na Itália e
onde mais existam ateliês de costura. Não sei se não existe aqui
(nos Estados Unidos) também",
completou o ministro.
Para o ministro, essa situação
não caracteriza trabalho infantil,
ao contrário portanto do que disse o presidente Clinton.
O ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, preferiu fugir
de uma resposta sobre o assunto,
ao brincar: "Já passei da idade"
(de trabalho infantil), disse.
O porta-voz de FHC, Georges
Lamazière, respondeu à crítica de
Clinton. "Quanto mais países como os EUA abrirem seus mercados a países como o Brasil, mais
vamos exportar, crescer e combater com mais facilidade os problemas", afirmou Lamazière.
Lamazière afirmou que, de 1993
até o ano passado, o número de
crianças que trabalham caiu de 4
milhões para 2,9 milhões.
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