|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VISÃO DE FORA
Secretário do Tesouro dos EUA elogia recuperação do Brasil, mas aponta vários desafios a vencer
Summers cobra avanço nas reformas
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Lawrence Summers, cobrou ontem maior avanço, por parte do governo brasileiro, no ajuste das contas públicas,
nas reformas da economia e na
privatização de estatais.
"Existem desafios muito grandes na questão da reforma tributária, nas relações fiscais e de pensões, que atingem o coração da
necessidade de os Estados conciliarem suas necessidades e os recursos disponíveis", disse.
Summers esteve ontem em São
Paulo para dar uma palestra aos
integrantes da Câmara Americana de Comércio. Durante sua
apresentação, elogiou a recuperação da economia depois da máxi,
mas fez um alerta ao Brasil.
Se um país não consegue conciliar os gastos e a arrecadação do
governo terá dificuldades em
crescer e manter a estabilidade
econômica, disse Summers, sempre ressalvando que a discussão
vale para todos os países.
Os problemas vão aparecer, disse, "na forma de inflação, de excessivas taxas de juros ou na dependência de capital externo, que
periodicamente levanta dúvidas
sobre a capacidade de pagamento
a longo prazo".
Summers cobrou que o Brasil
avance no seu programa de privatizações: "O programa tem que
avançar no ano que vem, apesar
dos atrasos que prejudicaram o
governo nesta área em 1999".
Summers elogiou o desempenho do governo brasileiro depois
da crise da desvalorização do real.
O governo norte-americano, disse Summers, depositou confiança
no governo brasileiro ao apoiar o
pacote do FMI de ajuda ao país e
também ao assinar acordo bilateral de US$ 5 bilhões com o Brasil.
De acordo com Summers, a
confiança se mostrou acertada,
uma vez que o país já começou a
pagar parte do empréstimo. O governo brasileiro, disse Summers,
anunciou que vai pagar a parcela
de US$ 3,2 bilhões do acordo bilateral que vence este mês.
Em relação à inflação, Summers
disse que o melhor é agir preventivamente. Perguntado sobre as
recentes intervenções no câmbio
feitas pelo BC, Summers disse que
reformas estruturais são mais importantes do que estratégias de
intervenção não acompanhadas
de mudanças nos fundamentos.
Trabalho infantil
Summers também criticou o
uso de mão-de-obra infantil no
Brasil, ponto polêmico no comércio internacional. Países ricos falam em taxar as importações de
regiões pobres onde existam
crianças trabalhando ou ocorram
problemas ecológicos.
"Há pouco espaço para complacência quando 730 mil crianças,
entre 7 e 14 anos, trabalham na
área rural e nas oficinas, em vez de
frequentarem as escolas."
Summers disse que a questão
do trabalho infantil não pode servir de "manto" para esconder interesses protecionistas. Mesmo
assim, insistiu na necessidade de
se debater o assunto.
"Sanções comerciais poderiam
ser medidas pesadas", disse Summers. Por outro lado, argumentou o secretário, podem ocorrer
questionamentos se é justa a
competição comercial com países
que usam mão-de-obra infantil.
"O assunto precisa ser debatido."
Texto Anterior: Mercado financeiro: Bovespa tem recorde histórico de negócios Próximo Texto: BID quer emprestar para o setor privado Índice
|