São Paulo, segunda-feira, 04 de dezembro de 2000

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NYT
Russo investigado estabeleceu mais de 2.000 empresas
Congresso dos EUA apura lavagem de dinheiro estrangeiro em bancos

RAYMOND BONNER
"DO THE NEW YORK TIMES"

Um inquérito do Congresso dos Estados Unidos concluiu que é "relativamente fácil" para estrangeiros esconder suas identidades e formar empresas de fachada nos EUA, que podem lavar dinheiro de fontes dúbias empregando os bancos norte-americanos.
Em um inquérito de nove meses de duração que envolveu a apreensão de arquivos bancários, os investigadores concluíram que um número desconhecido de russos e outros cidadãos da Europa Oriental transferiram US$ 1,4 bilhão por meio de contas no Citibank de Nova York e do Commercial Bank de San Francisco.
As contas foram abertas por Irakly Kaveladze, que imigrou da Rússia para os Estados Unidos em 1991. Ele estabeleceu mais de 2.000 empresas no Estado do Delaware, para corretores russos, e a seguir abriu contas bancárias para elas, sem saber quem controlava as corporações, de acordo com um relatório do Serviço Geral de Auditoria do Congresso (GAO) norte-americano.
O relatório afirma que os bancos não haviam conduzido nenhum esforço regulamentar para identificar quem eram os verdadeiros titulares das contas.
No final da tarde da quarta-feira, o Citibank enviou uma carta de 15 páginas ao GAO, alegando que havia fechado as contas depois de ter sido contatado por investigadores da instituição no começo do ano.
O banco anunciou que assessores jurídicos externos haviam sido contratados para revisar a questão depois do alerta do GAO e que "nenhuma atividade ilegal foi constatada nas contas relacionadas a Kaveladze".
Em entrevista, Kaveladze disse que não estava envolvido em nenhuma violação. Ele descreveu a investigação do GAO como uma "caça às bruxas".
O relatório do GAO não diz nada sobre as fontes do dinheiro. Dadas as passadas investigações sobre lavagem de dinheiro, é bastante provável que ele tenha vindo de executivos russos tentando escapar a impostos, ainda que parte dele possa ter sua origem no crime organizado.
Mais de US$ 800 milhões foram transferidos do exterior para as 136 contas abertas por Kaveladze no Citibank em benefício de seus clientes russos, e a maior parte desse dinheiro voltou a ser transferida para bancos no exterior, diz o relatório, que foi fornecido ao "The New York Times" por funcionários do governo. O relatório será publicado oficialmente na quinta-feira.
Cerca de US$ 600 milhões foram transferidos por intermédio do Commercial Bank.
O inquérito foi aberto em fevereiro a pedido do senador Carl Levin, do Michigan, principal membro da minoria democrata no subcomitê permanente de investigação do Senado, como parte de suas investigações sobre a lavagem de dinheiro por instituições financeiras norte-americanas. "Nós, rotineira e legitimamente, criticamos países estrangeiros que permitem a criação de corporações com proprietários secretos com o propósito de lavar dinheiro", disse Levin.
Mas, prosseguiu, alguns Estados norte-americanos autorizam que empresas sejam incorporadas sem que seus proprietários sejam revelados, e isso permite o "estabelecimento de uma corporação privada que pode ser usada para a lavagem de dinheiro".



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