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NYT
Russo investigado estabeleceu mais de 2.000 empresas
Congresso dos EUA apura lavagem de dinheiro estrangeiro em bancos
RAYMOND BONNER
"DO THE NEW YORK TIMES"
Um inquérito do Congresso dos
Estados Unidos concluiu que é
"relativamente fácil" para estrangeiros esconder suas identidades
e formar empresas de fachada nos
EUA, que podem lavar dinheiro
de fontes dúbias empregando os
bancos norte-americanos.
Em um inquérito de nove meses
de duração que envolveu a
apreensão de arquivos bancários,
os investigadores concluíram que
um número desconhecido de russos e outros cidadãos da Europa
Oriental transferiram US$ 1,4 bilhão por meio de contas no Citibank de Nova York e do Commercial Bank de San Francisco.
As contas foram abertas por
Irakly Kaveladze, que imigrou da
Rússia para os Estados Unidos
em 1991. Ele estabeleceu mais de
2.000 empresas no Estado do Delaware, para corretores russos, e a
seguir abriu contas bancárias para elas, sem saber quem controlava as corporações, de acordo com
um relatório do Serviço Geral de
Auditoria do Congresso (GAO)
norte-americano.
O relatório afirma que os bancos não haviam conduzido nenhum esforço regulamentar para
identificar quem eram os verdadeiros titulares das contas.
No final da tarde da quarta-feira, o Citibank enviou uma carta
de 15 páginas ao GAO, alegando
que havia fechado as contas depois de ter sido contatado por investigadores da instituição no começo do ano.
O banco anunciou que assessores jurídicos externos haviam sido contratados para revisar a
questão depois do alerta do GAO
e que "nenhuma atividade ilegal
foi constatada nas contas relacionadas a Kaveladze".
Em entrevista, Kaveladze disse
que não estava envolvido em nenhuma violação. Ele descreveu a
investigação do GAO como uma
"caça às bruxas".
O relatório do GAO não diz nada sobre as fontes do dinheiro.
Dadas as passadas investigações
sobre lavagem de dinheiro, é bastante provável que ele tenha vindo de executivos russos tentando
escapar a impostos, ainda que
parte dele possa ter sua origem no
crime organizado.
Mais de US$ 800 milhões foram
transferidos do exterior para as
136 contas abertas por Kaveladze
no Citibank em benefício de seus
clientes russos, e a maior parte
desse dinheiro voltou a ser transferida para bancos no exterior, diz
o relatório, que foi fornecido ao
"The New York Times" por funcionários do governo. O relatório
será publicado oficialmente na
quinta-feira.
Cerca de US$ 600 milhões foram transferidos por intermédio
do Commercial Bank.
O inquérito foi aberto em fevereiro a pedido do senador Carl Levin, do Michigan, principal membro da minoria democrata no
subcomitê permanente de investigação do Senado, como parte de
suas investigações sobre a lavagem de dinheiro por instituições
financeiras norte-americanas.
"Nós, rotineira e legitimamente,
criticamos países estrangeiros
que permitem a criação de corporações com proprietários secretos
com o propósito de lavar dinheiro", disse Levin.
Mas, prosseguiu, alguns Estados norte-americanos autorizam
que empresas sejam incorporadas sem que seus proprietários sejam revelados, e isso permite o
"estabelecimento de uma corporação privada que pode ser usada
para a lavagem de dinheiro".
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