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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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SALTO NO ESCURO

Reservatórios de hidrelétricas da região estão perto do ponto crítico; no país, demanda da indústria recua

Consumo de energia sobe mais no Nordeste

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O consumo de energia elétrica está subindo na região Nordeste a taxas maiores do que no resto do país neste ano. A retomada mais forte, até setembro, acontece justamente na região onde os reservatórios das hidrelétricas estão em níveis baixos, próximos aos ponto crítico.
Relatório da Eletrobrás mostra que o consumo de energia na região Nordeste nos últimos 12 meses (outubro de 2002 a setembro de 2003) aumentou 12,5% em relação ao mesmo período do ano passado (outubro de 2001 a setembro de 2002). Em média, em todo o Brasil, o consumo subiu 7,1% no mesmo período.
A retomada do consumo de energia no Nordeste e no resto do país acontece principalmente na categoria dos consumidores residenciais e comerciais. A indústria, bastante afetada pela redução no nível de atividade econômica, está tendo uma retomada mais lenta.
Na comparação dos últimos 12 meses (terminados em setembro) com o mesmo período de 2002, a indústria elevou seu consumo de energia em 4,2% no país. Em setembro, em relação a setembro de 2002, houve queda de 0,3% no consumo de energia da indústria.
O relatório da Eletrobrás é divulgado com defasagem de cerca de dois meses e meio porque é feito com base no faturamento das geradoras e distribuidoras. Ou seja, as contas precisam primeiro ser cobradas para que os dados sejam tabulados.

Termelétricas
Na sexta-feira da semana passada, após reunião no Ministério de Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) informou que seria necessário acionar as termelétricas do PPT (Programa Prioritário de Termeletricidade) e as do seguro anti-racionamento para evitar risco de falta de energia no Nordeste.
Na ocasião, o presidente do ONS, Mário Santos, disse que a região Nordeste precisaria de aproximadamente 500 MW médios. Segundo ele, 400 MW médios viriam das usinas do PPT e 100 MW médios teriam que ser gerados pelas termelétricas do seguro. As usinas do PPT usam gás para produzir energia e têm um preço menor. As termelétricas do seguro usam óleo combustível e geram energia a um custo muito alto.
O seguro é pago pelos consumidores na conta de luz desde março do ano passado e serve para pagar o aluguel de 57 usinas termelétricas com capacidade de gerar aproximadamente 2.000 MW. Caso o seguro seja acionado, os consumidores deverão ter que pagar um adicional pela geração dessa energia.
Ontem pela manhã, a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse que as usinas do seguro só seriam usadas se não fosse possível manter o abastecimento apenas com o uso das energia das usinas do PPT. "O sistema foi previsto para ter térmicas que suportem essa situação de transição do período seco para o úmido. Não há o menor risco de racionamento no Nordeste", disse.
No fim da tarde, Mário Santos, do ONS, disse que as chuvas no fim de semana melhoraram a situação dos reservatórios da hidrelétrica de Tucuruí (PA), que também abastece o Nordeste. Dessa forma, o uso das termelétricas do anti-racionamento pôde ser adiado. "Temos chance de protelar isso [uso do seguro] e oferecer operação segura da maneira mais econômica possível", afirmou.


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