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SALTO NO ESCURO
Reservatórios de hidrelétricas da região estão perto do ponto crítico; no país, demanda da indústria recua
Consumo de energia sobe mais no Nordeste
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O consumo de energia elétrica
está subindo na região Nordeste a
taxas maiores do que no resto do
país neste ano. A retomada mais
forte, até setembro, acontece justamente na região onde os reservatórios das hidrelétricas estão
em níveis baixos, próximos aos
ponto crítico.
Relatório da Eletrobrás mostra
que o consumo de energia na região Nordeste nos últimos 12 meses (outubro de 2002 a setembro
de 2003) aumentou 12,5% em relação ao mesmo período do ano
passado (outubro de 2001 a setembro de 2002). Em média, em
todo o Brasil, o consumo subiu
7,1% no mesmo período.
A retomada do consumo de
energia no Nordeste e no resto do
país acontece principalmente na
categoria dos consumidores residenciais e comerciais. A indústria,
bastante afetada pela redução no
nível de atividade econômica, está
tendo uma retomada mais lenta.
Na comparação dos últimos 12
meses (terminados em setembro)
com o mesmo período de 2002, a
indústria elevou seu consumo de
energia em 4,2% no país. Em setembro, em relação a setembro de
2002, houve queda de 0,3% no
consumo de energia da indústria.
O relatório da Eletrobrás é divulgado com defasagem de cerca
de dois meses e meio porque é feito com base no faturamento das
geradoras e distribuidoras. Ou seja, as contas precisam primeiro
ser cobradas para que os dados
sejam tabulados.
Termelétricas
Na sexta-feira da semana passada, após reunião no Ministério de
Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico)
informou que seria necessário
acionar as termelétricas do PPT
(Programa Prioritário de Termeletricidade) e as do seguro anti-racionamento para evitar risco de
falta de energia no Nordeste.
Na ocasião, o presidente do
ONS, Mário Santos, disse que a
região Nordeste precisaria de
aproximadamente 500 MW médios. Segundo ele, 400 MW médios viriam das usinas do PPT e
100 MW médios teriam que ser
gerados pelas termelétricas do seguro. As usinas do PPT usam gás
para produzir energia e têm um
preço menor. As termelétricas do
seguro usam óleo combustível e
geram energia a um custo muito
alto.
O seguro é pago pelos consumidores na conta de luz desde março do ano passado e serve para
pagar o aluguel de 57 usinas termelétricas com capacidade de gerar aproximadamente 2.000 MW.
Caso o seguro seja acionado, os
consumidores deverão ter que
pagar um adicional pela geração
dessa energia.
Ontem pela manhã, a ministra
Dilma Rousseff (Minas e Energia)
disse que as usinas do seguro só
seriam usadas se não fosse possível manter o abastecimento apenas com o uso das energia das usinas do PPT. "O sistema foi previsto para ter térmicas que suportem
essa situação de transição do período seco para o úmido. Não há o
menor risco de racionamento no
Nordeste", disse.
No fim da tarde, Mário Santos,
do ONS, disse que as chuvas no
fim de semana melhoraram a situação dos reservatórios da hidrelétrica de Tucuruí (PA), que também abastece o Nordeste. Dessa
forma, o uso das termelétricas do
anti-racionamento pôde ser adiado. "Temos chance de protelar isso [uso do seguro] e oferecer operação segura da maneira mais
econômica possível", afirmou.
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