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LIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Reconstruindo
ALOIZIO MERCADANTE
A pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios
(Pnad) do IBGE é fonte estatística
abrangente, que permite traçar
um quadro bastante aproximado
da situação do país. Suas informações possibilitam a elaboração
de cenários consistentes que vão
além de meras conjecturas, como
a revelada recentemente por um
prefeito tucano, o qual, acometido de "febre palanquosa", não
habitual ao seu estilo comedido,
afirmou que qualquer candidato
do PSDB derrotará Lula nas próximas eleições.
Pois bem, essa previsão arrogante não encontra amparo nos
humildes mas sólidos dados da
Pnad/2004. Com efeito, tal pesquisa mostra que o governo Lula
vem reconstruindo o país econômica e socialmente e fez mais para os eleitores nos seus dois primeiros anos do que o governo anterior em seus oito anos.
Comecemos pelo emprego, assunto tão olvidado pela administração anterior, à exceção da geração de postos de trabalho em
outros países, generosamente propiciada pela política de abertura
econômica desordenada. De
acordo com o IBGE, em 2004 registrou-se o maior nível de ocupação (pessoas com trabalho na população em idade ativa) desde
1996. Essa alta na ocupação foi
ocasionada pelo extraordinário
aumento dos empregados com
carteira de trabalho, que chegou
a quase 2 milhões no ano referido.
Assim, o governo Lula está não
apenas gerando emprego, mas
também revertendo a perversa
tendência anterior da "precarização" do mercado de trabalho.
Outro ponto positivo foi o da
renda. Em 2004, interrompeu-se
outra tendência perversa: a de
queda na renda da população. De
fato, o rendimento médio estabilizou-se, após cair continuamente
desde 1997. Entretanto, análise
pormenorizada revela que a renda da metade mais pobre da PEA
cresceu 3,2%, possibilitando a redução da concentração dos rendimentos, chaga secular da nossa
sociedade. Destaque-se, ainda,
que um estudo da FGV, realizado
com base na Pnad/2004, mostrou
queda de 8% no nível de miséria
do país. Essa grande redução no
número de miseráveis pode ser
atribuída, em parte, ao sucesso de
programas sociais do governo Lula, como o Bolsa-Família, que já
atinge mais de 8 milhões de lares.
Pode-se também salientar outros indicadores muito alvissareiros, como a redução da taxa de
analfabetismo de 11,8% (2002)
para 11,2% (2004), o aumento expressivo do número de estudantes, o incremento de 3,5% de domicílios com esgotamento sanitário adequado e a melhoria nas
condições de vida, expressa no
notável crescimento do número
de lares com telefone fixo, celular,
microcomputador e outros produtos essenciais à vida moderna.
Pena que essas informações tão
positivas tenham sido obscurecidas pela névoa pessimista da crise
política, a qual já ameaça comprometer o bem-sucedido esforço
de desenvolvimento empreendido
nos últimos anos. A queda do PIB
no terceiro trimestre é, em grande
parte, fruto das incertezas geradas pela crise, já que o emprego e
o consumo continuaram a crescer. Mas a paralisia que as "aves
de mau agouro", muitas de bico
longo, tentam impor ao país não
prevalecerá.
Aloizio Mercadante, 51, é economista e
professor licenciado da PUC e da Unicamp, senador por São Paulo e líder do
governo no Senado Federal.
Internet: www.mercadante.com.br
E-mail -
mercadante@mercadante.com.br
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