São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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PAÍS DO "MENSALÃO"/OUTRO LADO

Para união de estabelecimentos, comércio local não pode ser confundido com o de ambulantes

Lojistas dizem que atuam na legalidade

DA REPORTAGEM LOCAL

A Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março), associação que reúne 100 dos 350 comerciantes da região, informa que os estabelecimentos do local trabalham e empregam de forma legalizada.
"Não se pode fazer generalizações nem confundir o comércio feito pelos ambulantes e "siris" [vendedores que estendem panos no chão para vender principalmente DVDs e CDs pirateados] com o das lojas que estão aqui há 30, 40, 50 anos vendendo como manda a lei. Não é um comércio sem nota", diz Jorge Dib, presidente da Univinco.
Hoje, a região tem 144 ambulantes regularizados na Subprefeitura da Sé -esse número já foi muito maior nas administrações passadas, segundo informam comerciantes da região. O número de ambulantes aumentou na gestão Luiza Erundina, de acordo com a Univinco, e diminuiu a partir da administração Marta Suplicy, com o projeto de revitalização das ruas da região.
"Tem gente que trabalha de forma irregular em todo o país. Não é só na 25. Há muitas lojas aqui com mais de 200, 250 funcionários registrados. Mas não se pode negar que há também ambulantes irregulares", afirma Dib.
Lojistas consultados pela Folha -que por razão de segurança preferem não se identificar- dizem que o problema da região está localizado no shopping 25. Relatório de fiscais da Fazenda paulista, resultado de uma blitz feita no local em março de 2004, revela que 90% dos lojistas estavam irregulares: vendiam produtos pirateados e contrabandeados.
O shopping é abastecido, de acordo com documentos da CPI da Pirataria, pelo empresário Law Kin Chong -apontado como o maior contrabandista do país e que está preso em Bauru, no interior de São Paulo. Ele foi condenado em julho a quatro anos de reclusão por corrupção ativa.
Na última quinta-feira, a reportagem esteve no shopping e constatou a venda de produtos sem nota fiscal, de funcionários sem registro em carteira e de centenas de produtos -bolsas, tênis, relógios- falsificados.

Preços atraentes
Há 29 anos instalado no local, o Armarinhos Fernando, com cinco lojas na região, informa que os preços baixos atraem os consumidores e despertam a ira da concorrência.
"Comercializamos 128 mil itens. Isso nos permite negociar grandes volumes e conseguir bons preços. Compramos 95% da indústria nacional e 5% do exterior. Só trabalhamos com nota", diz Marcos Gavranic, gerente-geral da matriz da Armarinhos Fernando, na rua 25 de Março.
O comércio local emprega, na estimativa da união dos lojistas, cerca de 50 mil pessoas e movimenta cifras que são desconhecidas pela entidade. "Vamos fazer uma pesquisa para identificar quem são as pessoas que compram e quanto gastam nas nossas lojas", afirma Dib.
Apesar de não haver levantamentos, os comerciantes informam que o perfil dos consumidores da região vem mudando ano após ano. Até pouco tempo atrás, o local era frequentado por consumidores de menor poder aquisitivo. Mais recentemente o público está mais heterogêneo, na avaliação da Fecomercio SP (Federação do Comercio do Estado de São Paulo). "Estimamos que as classes A, B, C, D e E comprem na mesma proporção na região", afirma Felippe Naufel, presidente do Conselho de Ruas Comerciais da Fecomercio.
Naufel diz que é preciso dividir o comércio da região da 25 de Março em dois tipos. "Há os que trabalham de forma irregular e os que vendem de forma regular." Os lojistas que operam dentro da lei, na sua avaliação, são muito eficientes. "Eles conseguem sobreviver a despeito da concorrência desleal na região", afirma. Para ele, "é evidente que o comércio irregular deve ser combatido em todo o país." (CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)

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