São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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"TÔ NEM AÍ"

Compradores dizem que importante é o preço

Consumidor não liga para irregularidade

DA REPORTAGEM LOCAL

"Se é falso ou original, não me importa. O que conta mesmo é o preço. Ou você acha que vou pagar R$ 1.000 por uma calça jeans em um shopping? Aqui, uma calça da Diesel [uma das marcas mais cobiçadas do momento] custa R$ 130", afirma Adriana (ela preferiu não revelar o nome completo), revendedora de produtos das lojas da 25 de Março no ABC.
Acompanha do namorado, ela comprava mercadorias no shopping 25 na última quinta. "Se fosse tudo legal e só aqui tivesse produto irregular, ainda vá lá. Mas o Brasil é isso. A 25 é retrato do que é o país."
O namorado da revendedora concorda: "Se não fosse para comprar, as lojas tinham de estar fechadas. Aponte-me um brasileiro que não se incorpora ao esquema que ocorre hoje no país", diz Charles, que, apesar de ajudar Adriana a vender produtos "copiados" da Diesel, afirmava usar uma camiseta original da mesma marca.
A estudante Patrícia da Costa Campos, 25, viajou de Mato Grosso para a região da 25 de Março em busca de preços baixos. "Gastei R$ 2.000 em presentes e não estou achando nada barato, como dizem." Ela diz que prefere não comprar produtos pirata. "Comprei bastante, mas nada falsificado. Alguns itens como CD, por exemplo, só original."
B.M., 29, dona de butique no interior paulista, diz que suas clientes não podem nem "sonhar em saber" que parte das mercadorias que compra é adquirida na região da 25. "Acho bárbaro comprar aqui. Não me incomodo com as imitações, mas minhas clientes não aceitam. Faço um mix de produtos originais e outros de São Paulo, Rio e Belo Horizonte."
Com uma Prada falsificada a tiracolo, ela afirma que o brasileiro paga muito imposto. "Quando a gente viaja e sai do país, observa quanto paga de imposto. Acho que comprar produto pirata não significa contribuir para a criminalidade. Crime é quatro assaltantes entrarem na sua casa e te prenderem lá, como ocorreu comigo há pouco tempo."
Rosalie Knott, 60, e a filha, Monica Dattrino, 33, vêm do Rio de Janeiro buscar bijuterias para revender.
"Não sou fã de pirataria, mas preço é tudo." (CR e FF)

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