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NOVO COMANDO
Mais de 90% das demissões foram feitos entre outubro e novembro, após a implementação do PDI
Vale privatizada corta 3.300 funcionários
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A Companhia Vale do Rio Doce
demitiu cerca de 3.300 pessoas
desde que foi privatizada em maio,
quando passou para o controle de
um consórcio liderado pela CSN,
tendo à frente o empresário Benjamin Steinbruch.
Esse corte no número de empregados foi realizado até novembro,
de acordo com o último dado disponível, e representou 21,8% do
quadro de pessoal.
A maior parte da redução foi obtida com o PDI (Programa de Demissões Incentivadas), com término previsto para o final de 1997.
Havia uma expectativa na empresa de que até o final do ano passado as demissões pudessem chegar a 3.500 funcionários. A Vale
não divulgou ainda os números
oficiais de cortes.
De acordo com relatório mensal
do número de empregados da Vale, mês a mês, desde janeiro de
1993, obtido pela Folha, em maio
deste ano a Vale tinha 15.142 empregados. No dia 30 de novembro,
o total de empregados estava reduzido a 11.842.
Mais de 90% dos cortes posteriores à privatização foram feitos entre outubro e novembro, quando o
PDI foi implementado. No dia 30
de setembro, o número de empregados era de 14.475, apenas 267
menos que no mês da privatização.
O presidente do Centro Corporativo e de Relações com o Mercado da Vale, Gabriel Stoliar, não
quis confirmar as demissões. A
empresa só fará comentários
quando o PDI estiver concluído.
Stoliar disse apenas que "experiências análogas de outras privatizações" apontam reduções de
pessoal em torno de 25% a 30%.
Segundo Stoliar, o programa da
Vale não partiu de nenhum número prévio e sim de algumas transformações ocorridas na empresa.
A primeira transformação, segundo ele, foi a reestruturação da
empresa, dividida agora por áreas
de negócios -minérios, papel e
celulose, alumínio e centro corporativo. Essa mudança, segundo
ele, resultou em várias superposições de cargos e tarefas que estão
sendo eliminadas.
A segunda fonte de redução de
pessoal foi a eliminação de uma série de controles aos quais a Vale
era submetida por ser estatal.
Como empresa privada ela não
precisa, por exemplo, produzir relatórios para o TCU (Tribunal de
Contas da União) nem fazer demoradas licitações antes de cada
contrato a ser assinado.
A terceira fonte de cortes, segundo Stoliar, foi "a busca de instrumentos de gestão mais modernos
para a empresa sob a ótica privada". Ele ressalvou que a Vale já era
eficiente como estatal.
O presidente do Sindicato dos
Empregados em Empresas de Mineração do Rio, Luiz Carlos Vieira,
disse que há um sentimento de desânimo dentro da empresa por
conta das demissões e de uma certa
"paralisia geral".
Segundo Vieira, havia na Vale
"a certeza de que, se o trabalho
fosse bom, a pessoa ficaria na empresa até se aposentar".
"Os empregados compraram a
idéia de que nada mudaria com a
privatização", disse Vieira, que
chamou a direção da Vale de
"aventureira".
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