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INVESTIMENTOS
Governo prepara resposta a estudo que aponta vulnerabilidade maior em relação à Argentina
Tesouro vai contestar relatório do Citibank
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tesouro Nacional prepara
uma resposta ao Citigroup por
conta de um relatório que aponta
vulnerabilidade da economia brasileira e que recomenda investimentos na Argentina.
Segundo fontes do Ministério
da Fazenda, o estudo foi considerado "inoportuno", "tendencioso" e "malfeito" pela equipe econômica. A pretensão do governo é
rebater as críticas ponto a ponto
ainda nesta semana, antes das férias do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.
O estudo dos economistas do
Citigroup, divulgado pela Folha
no último dia 30, é baseado em
dois cenários hipotéticos, refere-se ao médio prazo e leva em conta
a renegociação da dívida argentina. Foi enviado a clientes do banco, incluindo analistas de crédito,
segundo a Folha apurou.
No texto, os autores ponderavam que, caso obtenha sucesso na
renegociação de sua dívida com
os credores privados, a Argentina
seria menos vulnerável a choques
externos do que o Brasil.
O relatório chegou às mãos de
Levy na segunda-feira. Irritado, o
secretário determinou a elaboração de uma resposta. De acordo
com fontes da equipe econômica,
Levy pretende, ainda, reclamar
pessoalmente com representantes do Citigroup em Nova York.
Deverá aproveitar uma viagem
aos Estados Unidos marcada para
o início de fevereiro.
A diretora de Comunicação
Corporativa do Citigroup mundial, Christina Pretto, não endossou a avaliação dos analistas. "Lamentamos que os leitores possam
ter ficado com uma impressão errada da visão de um dos departamentos independentes de pesquisa do Citigroup", disse. Em comunicado emitido após a publicação
da reportagem, Pretto sustentou
ainda que em nenhum momento
houve orientação do Citigroup
para os investimentos na Argentina em detrimento do Brasil.
Na visão dos analistas, sob as
condições usadas no estudo, o
Brasil estaria em piores condições
em relação à gestão da dívida pública. A maior parte dos débitos
do país é atrelada aos juros internos, muito altos na comparação
com o restante do mundo. Além
disso, 62% da dívida em reais venceria no curto prazo.
"Temos uma trajetória muito
ruim da dívida interna, devido
aos altíssimos juros locais", afirmou o professor da Unicamp Geraldo Biasoto Junior.
Especialista em contas públicas,
ele considera que o Banco Central, responsável pela fixação dos
juros, comete seguidas "barbeiragens", que atrapalham a administração da dívida brasileira.
"O perfil da dívida pública piorou muito nos últimos seis meses,
e isso aconteceu porque o Banco
Central sinalizou várias vezes aumento futuro nos juros", disse
Biasoto Junior. "Todos os agentes
começaram a atuar no curto prazo e ficou mais difícil para o Tesouro vender papéis com vencimento muito adiante."
Para o economista da Fundación Capital Eduardo Rodríguez
Diez, em Buenos Aires, o fluxo de
capitais estrangeiros para a Argentina vai demorar a ser normalizado. "Antes da moratória, a entrada era dez vezes maior que os
US$ 500 milhões registrados em
2004", afirmou.
O BC se recusou a comentar o
relatório do Citigroup. A partir
deste ano, o Tesouro Nacional
cuidará da gestão total da dívida.
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