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RECEITA ORTODOXA
Taxa de 2005 foi puxada por reajuste no ônibus municipal e serviços; preços administrados seguraram índice
SP tem inflação de 4,53%, a menor em 5 anos
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE
O município de São Paulo teve
inflação de 4,53% em 2005, a menor taxa em cinco anos apurada
pelo IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas da USP). As tarifas administradas, que pressionaram as taxas
nos anos anteriores, deixaram de
ser os vilões da inflação.
No ano passado, a inflação foi
"puxada" pelos reajustes nas passagens de ônibus municipal, que
passaram de R$ 1,70 para R$ 2,00,
um aumento de 17,61%. Por conta
disso, o grupo Transportes subiu
13,08% em 2005 e foi responsável
sozinho por 44,68% da inflação da
cidade no período.
A gasolina, apesar de ter aumentado em média 7,52% nos
postos de São Paulo, representou
apenas 0,21% da inflação.
Já as tarifas administradas, na
média, representaram 4,30% da
inflação do município, menor
contribuição do Plano Real, por
conta da desaceleração dos IGPs
-calculados pela Fundação Getúlio Vargas e utilizados como indexadores de tarifas de serviços
públicos-, que pressionaram os
reajustes de preços administrados
nos anos anteriores.
Inflação de serviços
"O ano de 2005, em termos relativos, foi muito mais de inflação
de serviços do que de preços livres
e administrados", afirmou Paulo
Picchetti, coordenador do IPC da
Fipe.
Para se ter uma idéia, o IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado) do ano passado apontou inflação de 1,21%, a menor taxa
anual da história do índice, enquanto o IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo), do IBGE, deve ter encerrado o ano
abaixo de 5% -dado ainda não
divulgado. Em 2004, o IGP-M havia atingido 12,41%. No mesmo
ano, o IPC-Fipe ficou em 6,56%, e
o IPCA, em 7,60%.
A conta de luz do paulistano,
por exemplo, ficou 2,29% mais
barata no ano passado, contra alta
de 12,92% em 2004. Também ajudou nesta redução o fim dos "subsídios cruzados", que faziam com
que o consumidor residencial pagasse tarifa de energia elétrica
maior para que a indústria pudesse ter tarifa menor.
Outro item de pressão em 2005
foi o grupo Saúde, que registrou
alta de 9,26% e foi responsável por
14,11% do índice geral de preços.
Neste caso, a pressão veio basicamente do reajuste nos contratos
de assistência médica, com elevação média de 13,23%.
2006
Para 2006, Picchetti projeta uma
taxa de inflação igual à registrada
no ano passado, ou seja, de 4,5%.
Isso, segundo ele, considerando a
manutenção da atual política econômica e um processo eleitoral
tranqüilo.
"Olhando para os fundamentos
puramente econômicos do país, a
política monetária está dada e o
Banco Central tem sido consistente em suas sinalizações e decisões [sobre os juros]. Nada leva a
crer que vai haver uma mudança
radical na política monetária. Do
lado fiscal é a mesma coisa. E no
campo externo não há indicação
de desaceleração forte na economia mundial", afirmou.
No geral, ele avalia que 2006 será um ano de reajustes baixos nas
tarifas administradas devido à desaceleração dos IGPs, calculados
pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), utilizados como indexadores.
Por outro lado, existe uma incerteza em relação aos possíveis
aumentos de telefonia fixa em razão da mudança da cobrança de
pulsos para minutos e da criação
de um novo índice para substituir
o IGP-DI como indexador de tarifas do setor.
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