São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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RECEITA ORTODOXA

Taxa de 2005 foi puxada por reajuste no ônibus municipal e serviços; preços administrados seguraram índice

SP tem inflação de 4,53%, a menor em 5 anos

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

O município de São Paulo teve inflação de 4,53% em 2005, a menor taxa em cinco anos apurada pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP). As tarifas administradas, que pressionaram as taxas nos anos anteriores, deixaram de ser os vilões da inflação.
No ano passado, a inflação foi "puxada" pelos reajustes nas passagens de ônibus municipal, que passaram de R$ 1,70 para R$ 2,00, um aumento de 17,61%. Por conta disso, o grupo Transportes subiu 13,08% em 2005 e foi responsável sozinho por 44,68% da inflação da cidade no período.
A gasolina, apesar de ter aumentado em média 7,52% nos postos de São Paulo, representou apenas 0,21% da inflação.
Já as tarifas administradas, na média, representaram 4,30% da inflação do município, menor contribuição do Plano Real, por conta da desaceleração dos IGPs -calculados pela Fundação Getúlio Vargas e utilizados como indexadores de tarifas de serviços públicos-, que pressionaram os reajustes de preços administrados nos anos anteriores.

Inflação de serviços
"O ano de 2005, em termos relativos, foi muito mais de inflação de serviços do que de preços livres e administrados", afirmou Paulo Picchetti, coordenador do IPC da Fipe.
Para se ter uma idéia, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) do ano passado apontou inflação de 1,21%, a menor taxa anual da história do índice, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, deve ter encerrado o ano abaixo de 5% -dado ainda não divulgado. Em 2004, o IGP-M havia atingido 12,41%. No mesmo ano, o IPC-Fipe ficou em 6,56%, e o IPCA, em 7,60%.
A conta de luz do paulistano, por exemplo, ficou 2,29% mais barata no ano passado, contra alta de 12,92% em 2004. Também ajudou nesta redução o fim dos "subsídios cruzados", que faziam com que o consumidor residencial pagasse tarifa de energia elétrica maior para que a indústria pudesse ter tarifa menor.
Outro item de pressão em 2005 foi o grupo Saúde, que registrou alta de 9,26% e foi responsável por 14,11% do índice geral de preços. Neste caso, a pressão veio basicamente do reajuste nos contratos de assistência médica, com elevação média de 13,23%.

2006
Para 2006, Picchetti projeta uma taxa de inflação igual à registrada no ano passado, ou seja, de 4,5%. Isso, segundo ele, considerando a manutenção da atual política econômica e um processo eleitoral tranqüilo.
"Olhando para os fundamentos puramente econômicos do país, a política monetária está dada e o Banco Central tem sido consistente em suas sinalizações e decisões [sobre os juros]. Nada leva a crer que vai haver uma mudança radical na política monetária. Do lado fiscal é a mesma coisa. E no campo externo não há indicação de desaceleração forte na economia mundial", afirmou.
No geral, ele avalia que 2006 será um ano de reajustes baixos nas tarifas administradas devido à desaceleração dos IGPs, calculados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), utilizados como indexadores.
Por outro lado, existe uma incerteza em relação aos possíveis aumentos de telefonia fixa em razão da mudança da cobrança de pulsos para minutos e da criação de um novo índice para substituir o IGP-DI como indexador de tarifas do setor.


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