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ANÁLISE
Na economia, Argentina é a imagem invertida do Brasil
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A inflação de 12,3% em 2005
anunciada ontem pela Argentina
é um dos indicadores que faz o
país vizinho parecer a imagem invertida do Brasil, que deve ter fechado o período com um dos menores índices de preços dos últimos anos, próximo de 6%.
O outro indicador é positivo para o vizinho: o forte crescimento
pelo terceiro ano seguido, após a
contração de 20% do PIB registrada na crise de 2001/2002. O governo avalia que a economia tenha se
expandido 8,7% em 2005, bem
acima dos mirrados 2,6% estimados pelo BC (Banco Central) para
o crescimento brasileiro.
Em 2006, os dois países devem
continuar a ter trajetórias opostas
em relação à inflação. O programa monetário do BC argentino
prevê que o índice de preços ficará entre 8% e 11%, sem considerar
reajustes nas tarifas públicas. No
Brasil, a meta de inflação é 4,5%.
O controle da inflação foi obtido
com o sacrifício do crescimento,
sufocado pela alta taxa de juros,
que chegou a 19,75%, antes de cair
a partir de setembro. Mesmo com
o corte para 18%, o Brasil continua a ter a maior taxa real de juros
do planeta. Na Argentina, o indicador é negativo, já que os juros
são inferiores à inflação.
Apesar de adotar o sistema de
metas de inflação, como o Brasil, a
Argentina considera que sua economia ainda está em um período
de transição, o que restringiria o
uso da taxa de juros como mecanismo de contração ou estímulo
da economia e dos preços. Além
disso, o mercado de crédito, segundo o BC, equivale a apenas
10% do PIB, o que reduz o impacto de uma eventual alta da taxa.
O principal instrumento do BC
argentino para segurar os preços é
o controle da base monetária, que
é a quantidade de dinheiro em circulação na economia, aliada a
uma política fiscal de realização
de superávits primários.
Apesar de terem escolhido políticas macroeconômicas distintas,
Brasil e Argentina se beneficiaram
do bom momento da economia
mundial em 2005: bateram recordes de exportações e fortaleceram
suas reservas internacionais.
Mas a Argentina impediu a valorização de sua moeda a patamar
superior a 3 pesos por dólar, enquanto o Brasil permitiu que o
real tivesse valorização recorde e
chegasse a ser cotado a um nível
próximo de R$ 2,15.
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