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Governo quer mudar debate sobre as contas públicas
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia defendida por
parte do governo de enfatizar
no segundo mandato o resultado nominal das contas públicas
-que inclui os gastos com os
juros- tem dois objetivos. O
primeiro é tentar tirar do foco
do debate o controle primário
das despesas da União, o chamado superávit primário, que
tem causado desgaste ao governo. O segundo é destacar os ganhos que a redução dos juros
gera sobre a dívida pública.
Apesar das vantagens da proposta apontadas por uma corrente dentro do governo, a idéia
de assumir o compromisso de
reduzir o déficit nominal do patamar atual de cerca de 2,8% do
PIB (Produto Interno Bruto)
para zero em 2010 ainda é vista
com ressalvas dentro da própria equipe econômica.
Integrantes do governo têm
defendido nas reuniões do PAC
(Plano de Aceleração do Crescimento) que, com a redução
dos juros no ano passado, houve redução significativa do custo de financiamento da dívida,
que será verificada de forma
ainda maior neste ano. Considerando a taxa de juros atual, o
governo economizará cerca de
R$ 5 bilhões neste ano, com
projeção de déficit nominal entre 1,5% e 2,2% do PIB.
Também contribuirá para isso o fato de o Tesouro Nacional
ter alongado o prazo de vencimento dos títulos públicos federais e elevado a parcela desses papéis com juros fixos.
Apesar de serem considerados grandes avanços do primeiro mandato, a avaliação é que o
governo não tem conseguido
capitalizar esses resultados na
administração da dívida porque eles não entram no cálculo
do superávit primário.
Com isso, ao fixar uma meta
nominal para ser atingida até o
final da gestão Lula, o debate
econômico mudará de patamar, aproximando-se mais dos
padrões internacionais. Nos
países desenvolvidos, o resultado nominal é o indicador mais
importante da solidez fiscal.
Argumenta-se que isso reduzirá a pressão apenas por resultados primários. O problema na
avaliação de integrantes de outra corrente é que as premissas
que estão sendo consideradas
para elaboração do PAC não
permitem alcançar um déficit
nominal zero em 2010.
Isso principalmente por causa da resistência de mudanças
nas regras de aposentadorias e
pensões e da incerteza com relação ao crescimento do país.
Na avaliação de técnicos do
governo, o ganho financeiro
com a redução das taxas de juros aliado à nova política de
reajuste do salário mínimo são
suficientes para alavancar um
ciclo virtuoso.
Nesse cenário otimista, abre-se espaço para mais investimentos públicos, sobretudo em
infra-estrutura, o que puxaria o
setor privado e o crescimento.
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