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LUÍS NASSIF
Peixe, sim; TI, não
Nos EUA, tecnologia da informação é assunto tão estratégico que a implementação
da política está subordinada ao
Pitac (President's Information
Technology Advisory Committee), diretamente ligado à Presidência da República. No Brasil,
o governo Lula criou a Secretaria Nacional da Pesca, diretamente ligada à Presidência, e relegou a política de informática
ao quarto escalão, permitindo o
desmantelamento da Secretaria
de Política de Informática (SePin) do Ministério de Ciência e
Tecnologia.
Tecnologia e inovação só se
transformaram em prioridade
no país nos últimos anos, quando o ex-ministro Ronaldo Sardenberg criou mecanismos institucionais para alavancar o setor, com a criação dos fundos setoriais e a aprovação da nova lei
de informática. Ou seja, preparou a cama para o novo governo
colher.
Na transição, o PT enviou ao
MCT equipe de bom nível, com
visão crítica consistente, entendendo os avanços e tendo clareza sobre as vulnerabilidades.
Depois, um seminário no Instituto Florestan Fernandes reforçou a idéia de que o PT iria
aproveitar a oportunidade e
completar o trabalho.
A primeira sinalização negativa foi na composição do Ministério Lula, quando o MCT foi
entregue a um aliado menor, o
PSB de Anthony Garotinho, denotando a pouca importância
dada ao setor. Depois, ao se permitir que o comando do ministério fosse entregue a um advogado sem nenhuma experiência
na área, o ministro Roberto
Amaral.
O quadro se completou com o
anúncio do desmantelamento
da SePin, incorporada à Secretaria de Tecnologias Empresariais. No governo anterior, o trabalho de cada secretaria exigia
dedicação de varar a noite, tal o
tamanho da agenda a ser atacada. O novo secretário acabará
delegando as tarefas de TI para
algum adjunto, tirando toda a
capacidade de criar políticas,
influenciar Congresso e articular-se com o setor privado.
TI decididamente não é foco
do governo Lula, independentemente da experiência indiana,
em que o setor conseguiu gerar
centenas de milhares de empregos e exportações de US$ 10 bilhões. Trata-se de um setor descentralizador por excelência. É
por isso que a Microsoft está
criando laboratórios de desenvolvimento de tecnologia XML
em Petrópolis, Fortaleza e Recife. Para o ministro Amaral, interessa apenas a "tecnologia social", seja lá o que isso signifique.
A melhor alternativa seria colocar no MCT um ministro à altura. A segunda alternativa seria transferir a SCT para o Ministério do Desenvolvimento. A
terceira alternativa seria propor
aos tecnólogos brasileiros que se
dediquem ao nobre esporte da
pesca ao passado porque o futuro terá que esperar.
CVM
É insustentável a posição do
presidente da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários), Luiz
Cantidiano, depois da divulgação de documentos comprovando que foi advogado do Opportunity Fund -alvo de um inquérito por parte do órgão. O fato de não ter revelado essa ligação nem se ter declarado impedido sobre a matéria é indesculpável. Especialmente após as diversas acusações de que não estaria se empenhando na
elucidação do episódio, no qual
o fundo, ao aplicar recursos de
brasileiros no Brasil, por meio
do anexo 4, feriu a legislação.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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