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LEÃO GULOSO
Em 2002, arrecadação atinge recorde histórico, de 36,45% do PIB, só inferior às de Suécia e Alemanha
Carga tributária sobe, e Brasil passa a Suíça
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil, quem diria, ultrapassou a Suíça -pelo menos na arrecadação de impostos. A carga tributária brasileira no ano passado
atingiu seu recorde histórico, de
36,45% do PIB (Produto Interno
Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país). Na Suíça, esse
percentual foi de 36% no ano passado.
A fome do fisco local só perdeu
para o da Suécia (47% do PIB) e o
da Alemanha (36,7%), segundo
dados do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).
Mas bateu os EUA (29% do PIB),
o Canadá (31%) e países emergentes, como o México e o Chile
(22%).
O governo arrecadou R$ 476,57
bilhões em impostos federais, estaduais e municipais no ano passado, um crescimento de 18% em
relação a 2001. "O aumento da
carga tributária -encostando em
padrões de primeiro mundo- é
preocupante, já que naqueles países o cidadão tem um retorno do
que paga na forma de bons serviços públicos e emprego", observa
Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.
A tendência, segundo ele, é continuar crescendo a arrecadação
neste ano, já que foram mantidas
as alíquotas do Imposto de Renda
e não houve correção da tabela.
Além disso, o aumento da Cide
(contribuição sobre o consumo
de combustíveis), no ano passado, do IPTU e do ISS, nos municípios, e do ICMS, nos Estados, vão
pesar no bolso dos contribuintes
em 2003. A carga tributária per
capita, que já é alta, deverá manter
sua marcha ascendente.
Segundo o IBPT, o total de impostos per capita aumentou
288,75% nos últimos dez anos. A
maior parte desse aumento
-213%- ocorreu durante os oito anos de governo de Fernando
Henrique Cardoso.
Em 1993, cada brasileiro pagou
R$ 700,51 em impostos e, no ano
passado, contribuiu com R$
2.723,26. O cálculo considera a arrecadação total dividida pelo número de brasileiros. "É o mesmo
critério usado no cálculo da renda
per capita", explica Amaral. Como a renda per capita brasileira é
de R$ 7.470,86, cada cidadão precisou trabalhar quatro meses e 13
dias para pagar tributos em 2002.
Empresas e bancos
Só de Imposto de Renda, o contribuinte pessoa física pagou no
ano passado R$ 26,94 bilhões, incluindo o desconto na fonte e o
valor pago na declaração anual. A
contribuição retida na fonte cresceu 4,16% e o imposto pago na declaração aumentou 9,93%.
Segundo o estudo do IBPT,
houve um aumento "excepcional" da carga tributária de bancos
e empresas. O IR pessoa jurídica
totalizou R$ 33,89 bilhões, um aumento de 99,56% em relação a
2001.
As empresas contribuíram com
R$ 28,19 bilhões (aumento de
92,8%) e os bancos com R$ 5,7 bilhões (aumento de 14,39%). "Isso
foi consequência de uma ação
mais contundente de combate à
sonegação e da redução de algumas deduções da base de cálculo
do IR dos bancos", diz Amaral.
A arrecadação de PIS, Cofins e
CSLL (Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido) das empresas e
do setor financeiro também cresceu em 2002. A arrecadação do
PIS aumentou 11,6% nas empresas e 37,8% nos bancos.
Já o recolhimento da Cofins
cresceu 10,8% para as empresas e
44,4% para os bancos. "Isso se deve à anistia dada às instituições financeiras que contestavam a cobrança de PIS e Cofins na Justiça",
diz Amaral. Com a liberação das
multas, os bancos sustaram as
ações e recolheram impostos
atrasados ou pagos em juízo.
Outro imposto que teve aumento significativo de arrecadação foi
a CSLL. As empresas recolheram
25,2% a mais que em 2001, e os
bancos aumentaram em 197,4% o
recolhimento desse tributo. Os altíssimos lucros dos bancos explicam o aumento da arrecadação.
"Todos esses impostos, porém,
são repassados ao cidadão por
meio de juros ou de aumento de
preços", diz Amaral.
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