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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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CENÁRIOS

Governo não deve intervir no câmbio e no preço do combustível se conflito entre EUA e Iraque for inferior a 2 meses

Guerra rápida deixa dólar e gasolina "livres"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo não pretende intervir no mercado de câmbio nem no preço da gasolina caso a provável guerra dos EUA contra o Iraque seja rápida. Por conflito rápido, leia-se inferior a dois meses, segundo avaliação da comissão interministerial criada para planejar medidas que minimizem os efeitos da guerra no Brasil.
A Folha apurou que, no chamado "Plano A" do governo, a principal preocupação é com o impacto no câmbio, muito mais do que com o preço da gasolina. Na comissão montada por Lula, avalia-se que a cotação do dólar possa atingir o patamar de R$ 4.
O governo chegou a essa conclusão porque esse patamar foi alcançado no auge da crise cambial que ocorreu durante a campanha eleitoral de 2002. Ou seja, seria uma espécie de fundo do poço da cotação do real, crê o governo.
Na época, a moeda dos EUA chegou a ultrapassar os R$ 4, mas fechou o dia a R$ 3,99. Já o chamado risco Brasil (indicador dos investidores externos para medir a capacidade de o país honrar seus compromissos) bateu nos 2.400 pontos. Hoje, o risco Brasil é de cerca de 1.300 e a cotação do dólar está em cerca de R$ 3,55.
O governo se preocupa menos com o preço da gasolina por avaliar que tem condição de absorver melhor os impactos da guerra nesse setor, já que a dependência brasileira de petróleo externo é de cerca de 10% do consumo do país.
No caso dos combustíveis, a decisão tomada é proteger os consumidores de baixa renda com um subsídio adicional específico para o gás de cozinha, como anunciou anteontem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
"Se o dólar aumentar, não pode aumentar na cozinha da dona-de-casa", afirmou Palocci.
Membros da comissão que avalia os impactos da guerra dizem que a decisão de não intervir no câmbio e no preço da gasolina é uma tendência do chamado "estado de pré-guerra". A decisão final de Lula será tomada quando a guerra de fato se confirmar e produzir seus efeitos econômicos negativos na economia.
É feita essa ressalva porque há um "Plano B" para o caso de a guerra se prolongar por um tempo muito maior do que o previsto por analistas militares.
Nesse caso, poderia ser revista, em última hipótese, a decisão de deixar o câmbio e o preço da gasolina flutuarem ao sabor das dificuldades. O cenário do "Plano B", brinca um ministro que pede para ter o nome preservado, é incapaz de ser previsto até por Bush.


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