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CENÁRIOS
Governo não deve intervir no câmbio e no preço do combustível se conflito entre EUA e Iraque for inferior a 2 meses
Guerra rápida deixa dólar e gasolina "livres"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo não pretende intervir
no mercado de câmbio nem no
preço da gasolina caso a provável
guerra dos EUA contra o Iraque
seja rápida. Por conflito rápido,
leia-se inferior a dois meses, segundo avaliação da comissão interministerial criada para planejar medidas que minimizem os
efeitos da guerra no Brasil.
A Folha apurou que, no chamado "Plano A" do governo, a principal preocupação é com o impacto no câmbio, muito mais do que
com o preço da gasolina. Na comissão montada por Lula, avalia-se que a cotação do dólar possa
atingir o patamar de R$ 4.
O governo chegou a essa conclusão porque esse patamar foi alcançado no auge da crise cambial
que ocorreu durante a campanha
eleitoral de 2002. Ou seja, seria
uma espécie de fundo do poço da
cotação do real, crê o governo.
Na época, a moeda dos EUA
chegou a ultrapassar os R$ 4, mas
fechou o dia a R$ 3,99. Já o chamado risco Brasil (indicador dos investidores externos para medir a
capacidade de o país honrar seus
compromissos) bateu nos 2.400
pontos. Hoje, o risco Brasil é de
cerca de 1.300 e a cotação do dólar
está em cerca de R$ 3,55.
O governo se preocupa menos
com o preço da gasolina por avaliar que tem condição de absorver
melhor os impactos da guerra
nesse setor, já que a dependência
brasileira de petróleo externo é de
cerca de 10% do consumo do país.
No caso dos combustíveis, a decisão tomada é proteger os consumidores de baixa renda com um
subsídio adicional específico para
o gás de cozinha, como anunciou
anteontem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
"Se o dólar aumentar, não pode
aumentar na cozinha da dona-de-casa", afirmou Palocci.
Membros da comissão que avalia os impactos da guerra dizem
que a decisão de não intervir no
câmbio e no preço da gasolina é
uma tendência do chamado "estado de pré-guerra". A decisão final de Lula será tomada quando a
guerra de fato se confirmar e produzir seus efeitos econômicos negativos na economia.
É feita essa ressalva porque há
um "Plano B" para o caso de a
guerra se prolongar por um tempo muito maior do que o previsto
por analistas militares.
Nesse caso, poderia ser revista,
em última hipótese, a decisão de
deixar o câmbio e o preço da gasolina flutuarem ao sabor das dificuldades. O cenário do "Plano B",
brinca um ministro que pede para
ter o nome preservado, é incapaz
de ser previsto até por Bush.
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