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Lei deveria exigir análise prévia, diz Cade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), João Grandino Rodas, disse ontem que a atual legislação antitruste causa problemas
para o mercado brasileiro por não
exigir a análise prévia dos atos de
concentração por parte dos órgãos de defesa da concorrência.
"A lei é de certa forma a causadora de situações como essa", declarou ontem Grandino, após o
julgamento da fusão Nestlé/Garoto. Atualmente, as empresas são
obrigadas a submeter à análise do
Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência operações de fusão
somente após consumado o ato.
Toda operação que resultar em
pelo menos 20% de concentração
de determinado mercado ou em
que uma das empresas envolvidas
tenha registrado faturamento
anual de R$ 400 milhões no ano
anterior ao negócio tem de ser
analisada pelo sistema.
Grandino lembrou que existe
uma proposta de reformulação
do sistema da concorrência que
prevê a análise dos atos antes de
as operações serem concretizadas. "A mudança também reduziria o número de processos a serem analisados pelo sistema, para
garantir mais agilidade", disse o
presidente do Cade.
Grandino considerou que a decisão de ontem é um marco no
Cade por mostrar uma nova posição do conselho de acordo com a
qual grandes fusões podem ser
desfeitas. Nos principais casos julgados até hoje (AmBev e Kolynos/Colgate), o Cade aprovou as
operações com restrições. A expectativa era uma decisão parecida para o caso Nestlé/Garoto.
De acordo com a decisão de ontem, o novo comprador da Garoto não poderá concentrar mais
que 20% do mercado de chocolates no Brasil. A determinação elimina a possibilidade de a empresa brasileira ser comprada pela
Kraft Foods -fabricante dos
chocolates Lacta.
O relator Thompson Andrade
disse que, caso não apareça comprador para a Garoto no prazo
determinado, o problema será
examinado pelo Cade. Até que a
empresa brasileira seja comprada, ficam valendo as regras do
acordo que a Nestlé/Garoto tem
com o conselho. O acordo estabelece que medidas irreversíveis não
podem ser tomadas.
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